De um lado, o médico do Programa Saúde da Família tem em mãos o eletrocardiograma do paciente. De outro, um cardiologista avalia o exame e discute o caso para encaminhamento clínico. Ambos se comunicam em tempo real via internet com o auxílio de uma webcam. A descrição ilustra a rotina diária de mais de 150 médicos mineiros que participam do Minas Telecardio, projeto de telecardiologia e tele-eletrocardiografia do Hospital das Clínicas que comemora um ano com uma média mensal de 1.765 pacientes atendidos a distância, de outubro de 2006 a março de 2007. A rotina tem oferecido suporte para atendimento de urgência no interior do Estado, auxiliando no diagnóstico da doenças coronarianas agudas (infarto e angina instável) e evitando encaminhamentos desnecessários de pacientes com patologias menos graves. Implantado em 2006 por meio de iniciativa da Secretaria de Estado da Saúde e financiado pela Fapemig, o projeto envolve um consórcio entre as universidades federais de Minas Gerais (UFMG), Uberlândia (UFU), Juiz de Fora (UFJF), Triângulo Mineiro (UFTM) e a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). O objetivo é estudar o custo e a efetividade do uso da telemedicina na abordagem das doenças cardiovasculares, em especial na doença arterial coronariana aguda. O projeto, de interesse público, permite melhoria da qualidade e rapidez no atendimento especializado cardiológico, disponível normalmente apenas em grandes centros. População atendida Além disso, muitos pacientes eram encaminhados sem real necessidade, quando o problema poderia ter sido resolvido pelo médico do Centro de Saúde. Até o momento, cerca de 70% desse tipo de encaminhamento foi evitado com o projeto. Agora, o diagnóstico é mais preciso e imediato, o que facilita, nos casos graves, o encaminhamento mais rápido, aumentando as chances de sobre vida do paciente. O projeto envolve 82 municípios mineiros com menos de 10 mil habitantes e com o mínimo de 70% do Programa Saúde da Família implantado. Outros critérios metodológicos foram necessários para tornar o município elegível, destacando-se o tipo de conexão à Internet e o interesse e comprometimento dos secretários de saúde municipais e prefeitos. Nos Centros de Saúde desses municípios (veja mapa no www.minastelecardio.hc.ufmg.br) foram instalados computador, webcam e eletrocardiograma digital. Com esses equipamentos, fornecidos pelo projeto, o médico do Programa de Saúde da Família que realiza o atendimento no Centro de Saúde interage com o cardiologista de plantão. Esse plantão é feito em sistema de rodízio entre as universidades envolvidas. O HC/UFMG é o centro coordenador de todo o projeto. O eletrocardiograma, feito nos Centros de Saúde, é enviado pela internet e avaliado pelo cardiologista de plantão, responsável pela sua análise imediata, incluindo a discussão de casos clínicos com os médicos do município, quando necessário. Essas discussões são feitas individualmente, observando-se critérios de confidencialidade e segurança. Teleconsultorias médicas ou de segunda opinião, em cardiologia ou em outras especialidades, são também oferecidas nas modalidades on-line e off-line, assim como teleconferências nas áreas de medicina e enfermagem, configurando o Projeto Minas Telecardio como um projeto pioneiro de telessaúde com baixo custo. Além de fornecer os equipamentos para cada Centro de Saúde no interior do Estado, o Minas Telecardio também treinou 253 profissionais, entre médicos, enfermeiros e técnicos dos municípios sobre a utilização do sistema de telessaúde. Números
Antes da implantação do projeto nesses municípios, o médico do Centro de Saúde, ao constatar uma anormalidade no exame clínico, encaminhava o paciente para uma cidade próxima para realização de eletrocardiograma e consulta com um especialista. O procedimento acarretava custos de transporte e exames, além da demora do diagnóstico que, em alguns casos, poderia impedir que o tratamento apropriado fosse instituído.
- Implantação de sistema de telecardiologia e telessaúde em 82 municípios mineiros em seis meses
- Criação e estruturação de cinco núcleos universitários de telessaúde
- Realização de 12.125 eletrocardiogramas e 183 teleconsultas em nove meses
- Atendimento à distância de 265 casos de urgência em seis meses
- Treinamento para 253 profissionais dos municípios assistidos
- Identificação de 970 pacientes com suspeita ou diagnóstico de Síndrome Coronariana Aguda ao longo de nove meses (Assessoria de Imprensa do HC)