Prevenção de doenças cardiovasculares: importância de estudos de coorte é o tema da conferência que marca o lançamento do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa) em Minas Gerais e que será proferida, em português, pelo médico Moysés Szklo, no dia 31 de maio, quinta-feira, às 17h30, na sala 22 (antiga 2034) da Faculdade de Medicina da UFMG. Szklo é professor titular do Departamento de Epidemiologia da Escola de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins, autor de mais de 180 artigos científicos na área de Saúde Pública, editor-chefe do American Journal of Epidemiology, consultor internacional e membro do Comitê Diretivo do Estudo. Na seqüência do evento, o professor Luiz Otávio Savassi Rocha, do Departamento de Clínica Médica, fala sobre o ex-aluno da UFMG "Guimarães Rosa: o médico e o escritor". Elsa Com duração mínima de dez anos, serão realizadas, periodicamente, entrevistas, aferição da pressão arterial e avaliação antropométrica, além de eletrocardiograma, exames laboratoriais e de imagem em todos os participantes. As informações obtidas permitirão identificar, ao longo do tempo, fatores que possam prever a ocorrência de doenças cardiovasculares e diabetes na população brasileira, tais como aspectos da vida cotidiana ou marcadores biológicos que contribuam para seu surgimento. Segundo a professora Valéria Passos, vice-coordenadora do Elsa em Minas, o Brasil é carente de estudos de coorte, que busquem identificar os fatores de risco que influenciam no aparecimento de doenças na população no longo prazo. Avaliando que os voluntários do estudo terão a oportunidade de contribuir para o avanço da saúde pública no Brasil, ela chama a atenção ainda para o fato de que, atualmente, as informações utilizadas são referentes às populações americana e européia, “que possuem características culturais, sociais e genéticas diferentes das do povo brasileiro”, destaca. “Os resultados do estudo vão contribuir também para o desenvolvimento de novas tecnologias para prevenção e diagnóstico das doenças estudadas - e possivelmente outras correlatas, assim como terão papel importante para o desenvolvimento de políticas públicas de saúde na área de doenças crônicas”, esclarece o epidemiologista Roberto Marini Ladeira, diretor do Projeto. Para garantir rigor e padrão metodológico t odos os centros de investigação do Elsa irão aplicar critérios padronizados. A leitura e interpretação de cada tipo de exame, por exemplo, serão centralizados em uma das instituições participantes. Na UFMG funcionará o Centro Nacional de Leitura de Eletrocardiogramas, coordenado pelo cardiologista Antônio Luiz Pinho Ribeiro, vice-diretor do Hospital das Clínicas e professor da Faculdade de Medicina. Colaboradores de várias áreas e unidades da UFMG integram a iniciativa, que tem também a expectativa de contribuir para a formação de recursos humanos na área de doenças crônicas. (Assessoria de Comunicação da Faculdade de Medicina)
Parceria entre UFMG, Fiocruz/Uerj, UFBA, Ufes, UFRGS e USP, com financiamento da Finep ( MCT) e do Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit/Ministério da Saúde), o Elsa prevê o acompanhamento, a partir do ano que vem, de um total de 15 mil servidores das instituições envolvidas, durante um longo período (por isso, estudo longitudinal ou de coorte). Somente na UFMG espera-se acompanhar cerca de 3 mil servidores.
De acordo com a professora Sandhi Maria Barreto, do Departamento de Medicina Preventiva e Social, coordenadora do estudo em Minas Gerais, na América Latina não existe outro estudo sobre o assunto que reúna tão grande número de voluntários e desenvolvido em período extenso. “Ele representa o pioneirismo e o avanço da pesquisa em saúde no País”, avalia.