Tereza Rodrigues Neste domingo, 15 de julho, começa o Festival de Inverno da UFMG, que, este ano, chega a sua 39ª edição. O palco das ativdades - oficinas, mostras, shows, exposições, palestras e instalações -, que serão realizadas até o dia 28 de julho, é a cidade mineira de Diamantina. O evento gira em torno do conceito Territórios Contemporâneos – Linguagens Híbridas e este ano, mais do nunca, pretende integrar a vanguarda à tradição. À programação do Festival está integrada uma grande troca de conhecimentos, “capaz de unir o global e o regional, em favor da criação”. Fernandino completa: “Esse é o espaço para ousar novos rumos”. Serão atrações do evento tanto artistas consagrados, como Ná Ozzetti, Rufo Herrera e Grupo Galpão, quanto folcloristas locais, que se apresentam logo na abertura do evento. Outras atrações regionais também estão previstas, como os violonistas de Diamantina “Irmãos Reis”, que se apresentam no dia 26, às 21h30, no Teatro do Instituto Casa da Glória. Uma novidade, que confirma essa tendência, é a parceira firmada com a UFVJM (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri), que esse ano vai oferecer, no período do Festival, o Curso de Língua Portugues,a Cultura Brasileira e Ecoturismono no Vale do Jequitinhonha. Entre os dias 22 e 29 de julho, o público inscrito conhecerá um pouco mais das potencialidades da região. Muita história para contar Júlio Varela conta que o primeiro Festival de Inverno foi realizado em Ouro Preto. Grandes atrações eram oferecidas durante um mês inteiro, até que em 1979 a cidade teve problemas estruturais para receber tantos visitantes numa mesma época. Em 1980 foi um tempo de se estudar onde seria o lugar ideal para abrigar o evento e o Festival não foi realizado. Nos anos seguintes, Diamantina recebeu as atrações do Festival de Inverno da UFMG; mas, em 1984, houve uma outra pausa por conta de uma greve geral dos funcionários da universidade. No ano de 1985 o Festival estava em Diamantina, mas de “malas prontas” para São João Del Rey, onde permaneceu em 1986 e 87. Já com um caráter propositalmente itinerante, a 20ª edição do Festival aconteceu em Poços de Caldas. Júlio Varela conta que nesse ano os resultados da festa foram extremamente positivos, no entanto a distância entre a cidade e a capital dificultou a continuidade da parceira. Então, de 1989 a 1992, o Festival de Inverno da UFMG aconteceu na própria cidade de Belo Horizonte. Mas, nessa fase, a proposta de aproximação das pessoas e de uma grande troca de informações perdeu um pouco sua essência, na opinião de Júlio Varela. “Festival é gostoso em cidade pequena, as pessoas se aproximam mais e a interatividade acontece de maneira mais natural e até mais produtiva”, relata. De 1993 a 1999, Ouro Preto voltou a ser palco da festa, que levou grandes nomes da música popular brasileira, e arrastou multidões para a cidade histórica. A partir de 2000, Diamantina voltou a receber o evento, que permanece atualmente. Hoje, a arte de vanguarda é uma identidade do Festival, que se preocupa cada vez mais em trabalhar também o turismo cultural e a questão do meio ambiente, inserindo mais a cidade dentro da programação das oficinas e das diversas atrações artísticas. Assessoria de Comunicação 39º Festival de Inverno da UFMG
O professor Fabrício Fernandino, curador geral do evento, diz que espera que em 2007 o Festival seja realmente uma via de mão dupla. “Pretendemos desenvolver ações portadoras de conhecimento diferenciado e atual, difundindo valores de caráter mundial e, ao mesmo tempo, resgatando valores culturais da região do Vale do Jequitinhonha”.
No espírito de celebração dos 80 anos da UFMG, o Festival de Inverno entra na sua quarta década de existência e se firma como o mais tradicional do país. Uma proposta de um grupo de professores da Escola de Belas Artes e da Escola de Música da UFMG de levar a arte e o artista ao povo inaugurou, em 1967, um tipo de evento que virou modelo para o Brasil e o exterior. “Hoje Minas Gerais é o estado dos festivais de inverno, são realizados mais de 40 durante o mês de julho”, explica o produtor cultural Júlio Varela, que faz parte dessa história por ter participado como diretor executivo do Festival de Inverno da UFMG nas suas 25 primeiras edições.