Os novos alunos da UFMG presentes à programação da Semana de Recepção aos Calouros puderam ouvir, na manhã desta segunda-feira, 6, conselhos nascidos da experiência de 53 anos de magistério do professor Márcio Quintão Moreno, do departamento de Física do Instituto de Ciências Exatas (ICEx). “Não se incomodem se seu curso é prioritariamente técnico ou científico. A atitude, a abertura para o novo, para a criatividade é o que importa”, destacou, ao lembrar que não é possível aprender sem esforço. Quintão comentou que, se na escola média a atitude é predominantemente passiva, na Universidade o estudante deve ter iniciativa e encarar o professor como um guia em uma excursão de montanhismo: “Ele não faz a caminhada pelos participantes. São estes que devem carregar a mochila e suar”, comparou. Ao falar sobre a possibilidade de o estudante não se sentir bem no curso, Quintão sugeriu que ele faça uma análise para identificar se houve equívoco na escolha. “Quando tudo parece ruim, a culpa não é só do professor. E não se esqueçam de que vocês são aprendizes, é preciso que a contestação seja disciplinada”, completou. Aposentado desde 2004 e atuante como professor voluntário, Márcio Quintão ressaltou que os alunos devem aproveitar a oportunidade de fazer parte de uma instituição como a UFMG, para se tornar um profissional competente e útil ao país. História Ao apresentar Márcio Quintão e Evando Mirra aos calouros, o pró-reitor de Graduação da UFMG, Mauro Braga, afirmou que o símbolo do sucesso da UFMG são as pessoas. “A Universidade é boa porque tem, em seus quadros, razoavelmente grande número de pessoas como esses dois professores”, disse. Evando Mirra destacou fatos marcantes ocorridos em 1927, ano de criação da Universidade de Minas Gerais, atual UFMG, como o nascimento de Tom Jobim, o lançamento do primeiro filme falado – The Jazz Singer – e a primeira travessia do oceano Atlântico em um avião. Lembrou que há época Belo Horizonte tinha 90 mil habitantes, 138 automóveis e 653 carroças. Destacou que uma Universidade é tarefa em permanente construção e disse que o convite para participar dessa construção é “fascinante, apesar das dificuldades”. Depois de relembrar as origens da instituição universitária, no final do século XII, na Europa, falou de duas importantes mudanças ocorridas no século XIX. A prtimeira foi a organização de um projeto acadêmico em torno da pesquisa científica. "Com a pesquisa, transformou-se o ensino”, disse. A segunda mudança foi o surgimento das ações de extensão universitária. “Universidade é um espaço em que se preserva, se elabora e se transmite cultura, no jogo de ressonância entre ensino, pesquisa e extensão”, resumiu. Evocação singela Jurandira Fonseca Evando Mirra citou áreas de pesquisa em que a UFMG é destaque nacional e internacional, e afirmou a importância do diálogo permanente com a sociedade, e do diálogo cada vez maior entre as disciplinas.
A intervenção de Márcio Quintão foi parte da mesa redonda UFMG, 80 anos de Relevância Acadêmica - Compromisso Social, que também contou com a presença do pesquisador Evando Mirra Paula e Silva, professor emérito da UFMG.
Entre as pessoas que tiveram atuação relevante na UFMG, desde a sua fundação, Mirra citou nomes de ex-alunos como Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa, Cyro dos Anjos, Darcy Ribeiro, Pedro Nava, Milton Campos, Tancredo Neves, Juscelino Kubtischek, Fernando Sabino, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Hélio Pellegrino.
Cerca de 2.100 alunos são recebidos esta semana em programação na ReitoriaTambém fez uma “evocação singela” de pesquisadores que aqui deixaram suas marcas, como Amílcar Martins, Baeta Vianna, Wilson Beraldo, Carlos Diniz, entre outros. E acrescentou que a UFMG é formada também por personalidades ilustres de outros países, acolhidos como professores visitantes ou pesquisadores. Mirra citou Robert Oppenheimer, coordenador científico do projeto da bomba atômica e opositor do seu uso para a guerra, que deu aulas na Escola de Engenharia em 1955; e Madame Currie, que fez palestra na Faculdade de Medicina da UFMG, sobre o uso da radioterapia, em 1926.