Metade dos óbitos infantis acontece nos seis primeiros dias de vida. A chamada mortalidade neonatal precoce, no Brasil, ainda registra índices muito elevados (11,49 óbitos por mil nascidos vivos), de acordo com as estatísticas mais recentes do Ministério da Saúde, de 2004. Em Minas Gerais, a taxa de mortalidade neonatal precoce estimada pelo Ministério é de 10,82 mortes para mil nascidos vivos. Mas os dados sobre a mortalidade neonatal precoce apresentam problemas no estado, o que dificulta a identificação dos fatores de risco nos locais onde essas taxas são maiores e pode atrasar a adoção de medidas para a redução dos óbitos evitáveis. O problema foi constatado pela tese de doutorado Sistemas de Informação em Saúde: Potencialidades e Utilização no Monitoramento da Mortalidade Neonatal Precoce, defendida por Eliane de Freitas Drumond e orientada pela professora Elisabeth França, no Programa de Pós-graduação em Saúde Pública – área de concentração em Epidemiologia da Faculdade de Medicina da UFMG. No estado de Minas Gerais, observam-se coberturas insuficientes do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Segundo o Ministério da Saúde, em Minas Gerais menos de 90% dos nascimentos são registrados no Sinasc e menos de 80% dos óbitos têm registro no SIM. Por isto, o Ministério calcula as taxas de mortalidade infantil de Minas com base em estimativas indiretas, fornecidas pelo IBGE anualmente. “Essas estimativas têm problemas, pois não são capazes de refletir mudanças ocorridas em curtos espaços de tempo, diferenças étnicas e entre as localidades”, afirma Eliane. “Não refletiriam, por exemplo, as diferenças nas taxas que são observadas nas populações residentes em bairros e favelas de Belo Horizonte. E, como Minas tem muitos pequenos municípios que apresentam dinâmica própria, as estimativas indiretas têm limitações e não nos atendem”, explica. Solução Na avaliação da professora Mariângela Leal Cherchiglia, do departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade Medicina da UFMG, integrante da banca examinadora da tese, “a pesquisa permite uma ampla avaliação da situação da atenção materna oferecida em Belo Horizonte e em Minas Gerais”. Para a professora, a utilização de mais de um banco de dados e o cruzamento com as informações do paciente permitem também a identificação de falhas no serviço à saúde e uma melhor atenção aos usuários. (Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG
Para a pesquisadora, o ideal seria que o monitoramento da mortalidade neonatal precoce pudesse ser feito em tempo real. A solução proposta na tese é utilizar o Sistema de Informações Hospitalares do SUS para melhorar a qualidade dos sistemas de informação mineiros. A pesquisadora fez o cruzamento dos dados entre os dois sistemas. “A população usuária do SUS é a população de maior risco, e onde há o maior número de subnotificações de nascimentos e óbitos. O Sistema de Informações Hospitalares do SUS é um excelente mecanismo de captação dessas subnotificações”, conclui.
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