A partir de setembro, o Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad), órgão complementar da Faculdade de Medicina da UFMG, estudará a prevalência, em Minas Gerais, do vírus HTLV, que é da mesma família do HIV e provoca leucemia e problemas neurológicos. Além do HTLV, o estudo, pioneiro nas Américas, mapeará, até janeiro de 2008, a prevalência nos 853 municípios mineiros de duas doenças genéticas: a deficiência de biotinidase e a hiperplasia congênita da supra-renal. O objetivo é avaliar, a partir dos resultados, a inclusão de ambas, assim como do HTLV, no Programa Estadual de Triagem Neonatal (PETN-MG), coordenado pela Secretaria de Estado de Saúde. A iniciativa beneficiará aproximadamente 100 mil recém-nascidos no Minas. De acordo com o diretor do Nupad, professor José Nelio Januario, caso o estudo indique a necessidade de ampliar o número de doenças do PETN-MG, a rede estadual de saúde está capacitada para receber novas demandas. Transmissão pelo leite materno Ela coordena o Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em HTLV (GIPH), formado por 23 pesquisadores da Fundação e que há 10 anos estuda a prevalência do HTV com base em doadores de sangue, familiares e pacientes que apresentaram alguma doença em decorrência do vírus. Com base na apuração da prevalência do HTLV, será possível propor, segundo Anna Bárbara, política pública para controlar a transmissão do vírus no estado. “Naqueles locais onde tiver prevalência muito alta, nós vamos sugerir ao governo que faça no pré-natal a triagem com o HTLV”, disse. Outra contribuição do estudo será o acompanhamento de mães, filhos e familiares. “Após um ano de acompanhamento, vamos testar as crianças para verificar se elas estão negativas e oferecer testes para outros familiares. Assim, esperamos aumentar o nível de informação sobre o vírus”, afirma a presidente da Fundação Hemominas. Confusão com HIV
O estudo permitirá controlar uma das formas de transmissão do HTLV: a da mãe para o filho durante a amamentação prolongada. “Com ele, será possível prevenir a transmissão na maioria dos casos”, garante a presidente da Fundação Hemominas, Anna Bárbara de Freitas Proietti.
A conscientização será importante também para que a população aprenda a diferenciar o HTLV do HIV, o vírus da Aids. Ambos são da mesma família, mas o primeiro não causa os efeitos devastadores do HIV. Embora 95% dos portadores do HTLV não manifestem sintomas, outros 5% apresentam, no entanto, problemas de saúde, como um tipo de leucemia e problemas neurológicos graves, em casos mais agudos.