Em dissertação de mestrado defendida na última sexta-feira, na Faculdade de Medicina, a cirurgiã-dentista Luciana Quintão Foscolo Melo revela que a hipoplasia dental – defeito na formação dos dentes que resulta em manchas no esmalte e aumenta a vulnerabilidade a cáries – é sinal que pode ajudar os médicos a diagnosticar mais cedo a doença celíaca. A doença, que pode atingir até 1% da população mundial, se caracteriza pela intolerância permanente ao glúten, substância encontrada em alimentos como trigo, centeio, cevada e aveia. Os sintomas mais freqüentes são o atraso do crescimento e, em adolescentes, puberdade retardada. Outros são diarréia, vômitos, perda de peso e musculatura e falta de apetite. A dissertação Prevalência da hipoplasia de esmalte dental em pacientes celíacos foi defendida no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG (Saúde da Criança e do Adolescente). Resultados (Com Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG)
A pesquisa mostra que a hipoplasia dental é mais freqüente entre pessoas com intolerância ao glúten, embora possa ser provocada por diabetes, asma e bronquite, ou mesmo por traumas. Foram avaliados 66 crianças e jovens pacientes do Ambulatório de Gastroenterologia Pediátrica do Hospital das Clínicas da UFMG. A incidência de celíacos com hipoplasia dental foi de 88,2%, enquanto no grupo de pacientes não-celíacos, atingiu 28,6%. De acordo com o estudo, as chances de um paciente celíaco desenvolver a hipoplasia dentária são 12,5 vezes maiores que a de um não-celíaco.
Segundo Luciana Melo, uma dificuldade para a troca de informações entre os profissionais é que muitos dentistas desconhecem a doença celíaca, razão pela qual ela propõe ampla difusão da informação a respeito. Defende também que o dentista deve estar cada vez mais apto a contribuir com a medicina na promoção da saúde da população. O médico, por sua vez, também pode se valer do sinal dental como auxiliar na investigação que leve ao diagnóstico.