Fotografias tiradas por crianças de nove a dez anos compõem a mostra Imagens do Meu Mundo, que se encerra nesse sábado, 15 de dezembro, no Centro Cultural UFMG. A exposição pode ser visitada das 10 às 21 horas, e amanhã, das 10 às 18 horas. O evento integra o projeto de conclusão de curso da aluna Ângela Bacon, estudante de Comunicação Social da UFMG. A meta é fazer uma crítica da abordagem freqüentemente estereotipada da mídia sobre a pobreza, e também tornar acessível à população de favelas um instrumento pelo qual ela pudesse mostrar sua visão pessoal do ambiente que a cerca. Imagens do Meu Mundo é o resultado de oficinas de fotografia no Projeto Acolher, orientadas por Ângela e com duração de três meses. Os temas e cores escolhidos e clicados sem medo revelam uma perspectiva diferente da usualmente apresentada em jornais e revistas. O olhar das crianças, moradoras da Vila São Francisco das Chagas e arredores, região noroeste de Belo Horizonte, revela belezas, paradoxos e denúncias pouco comuns. O Centro Cultural da UFMG fica na avenida Santos Dumont 174 (próximo à Praça da Estação), no Centro de Belo Horizonte. Mais informações pelo telefone (31) 3409-1095 ou em www.centrocultural.ufmg.br. Criativo e inusitado A capacidade de observação dos fotógrafos mirins transparece em enquadramentos inusitados, temas criativos, personagens diversos e no cotidiano visto de dentro, elementos que mostraram que a oportunidade dada às crianças não exclui a possibilidade de um trabalho bem-feito e dotado de qualidade artística. “Cada revelação trazia novas surpresas”, conta Ângela.
Segundo Ângela, as imagens que aparecem nos jornais costumam enfocar pobreza, desemprego, criminalidade e apresentam esses indivíduos como vítimas passivas da desigualdade social. Mas essa é uma realidade já filtrada, pois traz o olhar de fotógrafos profissionais oriundos, em geral, de outras classes sociais. “O projeto propôs um deslocamento: como as câmeras fotográficas estão nas mãos da criançada, surgiram imagens mais carregadas da experiência delas”, explica.