Os visitantes da Feira de Artesanato, realizada na Avenida Afonso Pena, terão uma surpresa neste domingo, 23 de dezembro. Exatamente ao meio-dia, o Coral da Família Alcântara irá se apresentar nas escadarias do Conservatório UFMG, com um repertório que mistura música clássica e música popular, cantadas em dialeto africano. Único coral mineiro formado por pessoas da mesma família (são 53 coralistas, entre cinco e oitenta anos de idade), o Coral é atualmente uma dos principais representantes da cultura negra do país. O Coral surgiu há 50 anos no quilombo Caxambu, localizado em Rio Piracicaba, distrito de João Monlevade. O quilombo é formado por descendentes de dois povos africanos, os Wazilhes e os Angolanos. Na década de 50, o casal Filomena Tomázia e seu marido Pedro costumavam reunir seus filhos pequenos para ensiná-los cantigas aprendidas com seus antepassados. Eram cantos de alegria ou de tristeza, provocados pelos momentos vividos quando livres ou escravizados. Mais tarde, na década de 60, seu filho Pedro Antônio começou a reunir a família para cantar nos fundos da igrejinha local, surgindo aí o coral. A iniciativa ajuda a transmitir de geração em geração as vivências culturais, as artes e os hábitos milenares que são observados e seguidos pela família no seu cotidiano. Falecida em 2001, Filomena Tomázia chegou a ver realizado o sonho de ter seu trabalho cultural seguido pelos filhos, com a criação da Associação Família Alcântara. Através dela, seus descendentes realizam projetos de pesquisa e resgate da cultura de raízes dos antepassados negros em várias áreas, como o canto, a dança, a culinária, o artesanato e a literatura. (com assessoria de imprensa do Conservatório UFMG)
Alan Rodrigues
O maestro Pedro Antônio ensaia o grupo
Alan Rodrigues
A matriarca Filomena Tomázia, com o bisneto Thomaz