Pesquisa ligada à Faculdade de Medicina da UFMG, que mostra que a asfixia é uma das principais causas evitáveis de morte ligadas à gravidez e ao parto, venceu o Prêmio Capes 2007, na categoria Saúde Coletiva. A autora do estudo é a médica Sônia Lansky, que o transformou na tese de doutorado Mortalidade perinatal evitável em Belo Horizonte, 1999: desigualdades sociais e o papel da assistência hospitalar à gestante e ao recém-nascido. A autora ressalta que metade dessas mortes atinge bebês com peso adequado, cujas mães tiveram gestações sem anormalidades, e que, por isso, tinham grande potencial de prevenção. Segundo Sônia Lansky, as fatalidades poderiam ter sido evitadas com acompanhamento apropriado do trabalho de parto. Ela lembra que a presença de um pediatra na sala de parto e a simples valorização de sintomas expressados pela mãe são igualmente fundamentais. A conquista da tese de Sônia Lanky se deve, segundo a orientadora da pesquisa, Elizabeth Barboza França, à abordagem de um tema – a assistência hospitalar no atendimento ao parto – até então pouco explorado por pesquisadores. Ela destaca ainda o cuidado metodológico e a qualidade da análise, além da utilização do trabalho na elaboração e execução da política municipal de saúde. SUS e particulares A tese premiada integra linha de pesquisa desenvolvida pelo programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UFMG sobre relação entre mortalidade infantil, avaliação dos serviços de saúde e condições de saúde da população. Além de premiada pela Capes, a pesquisa foi publicada em duas revistas científicas internacionais e nos Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz. O trabalho foi co-orientado pelas professoras Maria do Carmo Leal e Cibele Comini César.
A pesquisa foi feita em 36 hospitais, do Sistema Único de Saúde (SUS) e particulares, em Belo Horizonte e na região metropolitana, no ano de 1999, quando foram registrados 826 óbitos perinatais (no período entre 22 semanas de gestação e os sete primeiros dias de vida do bebê). O objetivo era verificar se a desigualdade na assistência entre hospitais exclusivamente privados e aqueles conveniados ao SUS estava relacionada com a ocorrência das mortes. As instituições conveniadas – já extintas por ação da secretaria Municipal de Saúde de BH – apresentaram o pior desempenho. De acordo com Sônia Lansky, os resultados do estudo “poderiam ser expandidos em nível nacional”.
(Com Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG)