Os historiadores Boris Fausto e Evaldo Cabral de Mello e o escritor Silviano Santiago conversaram na manhã de hoje com a comunidade da UFMG no auditório da Reitoria, no campus Pampulha. A mesa-redonda marcou o lançamento da coleção Intelectuais do Brasil, parceria da Editora UFMG e da Editora Fundação Perseu Abramo. Os três primeiros volumes abordam cada um desses intelectuais. O evento também abriu a temporada 2008 do ciclo Sentimentos do Mundo, que integrou no ano passado os 80 anos da Universidade. O reitor da UFMG, Ronaldo Pena, destacou a importância dos encontros promovidos pelo ciclo de conferências, que "propicia à nossa comunidade a chance do contato com grandes pensadores brasileiros e estrangeiros”. A mesa-redonda foi coordenada pela vice-reitora da UFMG, Heloisa Starling, e teve as presenças de Ângela de Castro Gomes e Eneida Leal Cunha, organizadoras de dois dos volumes. Os livros lançados hoje são Leituras críticas sobre Boris Fausto, organizado por Ângela Gomes, Leituras críticas sobre Evaldo Cabral de Mello, organizado por Lilia Moritz Schwarcz, e Leituras críticas sobre Silviano Santiago, organizado por Eneida Cunha. O objetivo da coleção é estabelecer diálogo sistemático e pluralista com autores da geração de intelectuais brasileiros que interpretaram o país no pós-1964. Segundo o diretor da Editora UFMG, Wander Melo Miranda – que participou dsa mesa de abertura, ao lado do Nilmário Miranda, vice-presidente da Fundação Perseu Abramo –, “a coleção materializa o sonho de um projeto que leve à reflexão de nossa atualidade através de nomes que nos últimos decênios contribuíram de forma incisiva para o pensamento crítico brasileiro”. Boris Fausto elogiou o caráter da iniciativa, que, segundo ele, extrapola a simples homenagem. “É uma análise crítica, e fico feliz por ter ser de certa forma revelado por esse livro”, ele disse. Trabalho do intelectual Escritor e professor, Silviano Santiago defendeu que “a máquina do saber não seja alimentada pela letra morta, mas pela força motriz que incentive os jovens a buscar o conhecimento”. Fez um elogio da atividade intelectual como trabalho, que diante do papel em branco mostra “a força que vem de mil fracassos”. Boris Fausto, que foi advogado da Universidade de São Paulo, contou que o curso de história, feito já em idade madura, teve a função de sistematizar seu gosto e seu interesse pelo assunto. Ele citou um aspecto que une os “três setentões” que são tema da coleção e que se encontraram hoje na UFMG: “Temos muito gosto e muita disposição para continuar andando”.
Boris Fausto, Evaldo Cabral de Mello e Silviano Santiago falaram de seus processos de criação e da forma como vêem sua atividade e seu papel na sociedade. Evaldo criticou a historiografia brasileira, “que briga por conceitos e não por documentação”. Ele disse que utiliza os conceitos “apenas pragmaticamente”, e que eles “dão retorno só até certo ponto”. “Aprendi a nunca desistir dos documentos”, afirmou.
Coleção
A Coleção Intelectuais do Brasil tem coordenação de Flamarion Maués, Juarez Guimarães Rocha, Heloisa Maria Murgel Starling, Nilmário Miranda e Wander Melo Miranda. Os livros, dedicados a intelectuais e artistas ainda em atividade, contêm ensaios sobre a riqueza e o limite, as convergências e os antagonismos, as continuidades e as rupturas de cada autor. Os nomes para as próximas edições previstas são Leonardo Boff, Maria da Conceição Tavares e Chico Buarque de Holanda.