Reitor da UFMG faz nova audiência pública com estudantes

O reitor da UFMG, Ronaldo Pena, e a vice-reitora, Heloísa Starling, fizeram hoje a segunda audiência pública com os estudantes que ocupam, desde segunda-feira, o saguão do prédio da Reitoria. Os alunos protestam contra a ação da Polícia Militar durante a exibição do filme Grass/Maconha, no dia 3, no Instituto de Geociências (IGC). A primeira audiência ocorreu na segunda-feira. A reunião de hoje durou duas horas, durante as quais o reitor ouviu e respondeu reivindicações dos estudantes.

Uma delas é o direito de indicar os dois alunos integrantes da comissão interna de sindicância que apura os fatos ocorridos no IGC. Um dos alunos foi indicado pela Reitoria. Na terça-feira, o Conselho Universitário concordou em aceitar a escolha do segundo nome por uma assembléia de estudantes. O reitor disse que esse formato será mantido.

Os estudantes também pediram a suspensão dos processos administrativos contra alunos da Universidade pelos protestos de abril de 2007, relativos aos preços do Restaurante Universitário. Na ocasião, manifestantes pularam as catracas do restaurante e entraram sem pagar. Ronaldo Pena disse que não existem processos referentes àquela manifestação, e sim a uma tentativa de invasão da Reitoria que impediu o funcionamento do prédio. Os estudantes alegaram que foi a segurança da Universidade que fechou as entradas, mas o reitor afirmou que isto só ocorreu por causa da tentativa de invasão.

Ronaldo Pena disse que a Reitoria não vai abrir qualquer processo relacionado à atual ocupação. Ressalvou que o compromisso vale até este momento, já que não houve qualquer atitude dos estudantes que justificasse tal medida. Ele declarou que não pode se comprometer com relação ao futuro.

O reitor e a vice-reitora negaram, ainda, a existência de dossiês sobre alunos envolvidos em manifestações. Heloísa Starling sugeriu que uma comissão de estudantes visite a Divisão de Segurança Universitária para comprovar a inexistência desses documentos.

Audiências regulares
Os estudantes insistiram numa retratação pública do reitor sobre os episódios no IGC, mas Ronaldo Pena reafirmou que a entrada da PM no campus não foi autorizada pela Reitoria. Ele acrescentou que a Reitoria se responsabilizará caso seja apontado algum envolvimento da direção da Universidade.

Por fim, o reitor sugeriu a realização periódica de audiências públicas com os alunos da Universidade. "Reconheço que esta foi uma boa experiência para mim. Em outras oportunidades, eu realmente me recusei a encontrar com vocês num número grande. Eu sempre priorizei as discussões com representantes ou comissões de estudantes", declarou Ronaldo Pena.

A audiência foi no auditório da Reitoria e reuniu cerca de 300 pessoas. Neste momento, os estudantes fazem assembléia para decidir o futuro da ocupação.

Encontro com deputados
Durante a audiência pública, os estudantes relataram a reunião de cerca de 20 deles com a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, realizada ontem. Na conversa, ficou definido que um grupo composto por representantes dos alunos, dos deputados e da Ouvidoria da Polícia Militar se reunirá, em breve, com o reitor, para discutir a ação da PM no IGC.

Esclarecimento
Os estudantes que ocupam o saguão da Reitoria divulgaram, na audiência com o reitor, uma nota de esclarecimento sobre protesto realizado ontem à noite, em frente ao prédio. Segundo a nota – assinada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) e outras organizações –, um grupo de alunos "tirou as próprias roupas, ficando apenas com as peças íntimas". A linguagem do protesto foi classificada como "descabida, ultrapassada e agressiva".

Eles lembram que fazem uma ocupação pacífica e que o protesto de ontem desrespeitou o movimento. A nota é assinada também pelo D.A. Educação Fisica, Damar, movimentos Conlute, Correnteza, Ciranda Liberdade e parte dos estudantes presentes.

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