Da capital ou do interior, de classes sociais altas ou mais baixas, de escolas públicas ou privadas, alunos de ensino médio de perfis diversos se reúnem numa só dúvida: que profissão escolher? O processo é acompanhado de perto pelos professores, fundamentais na hora da escolha. São eles que escutam as questões, respondem e orientam estudantes na busca dos mais variados objetivos. A profissão é escolhida segundo critérios como a afinidade, oportunidades de mercado e aceitação social, o que inclui a pressão da família. Esses critérios alteram em função da classe econômica dos alunos. Na Escola Municipal Maria do Amparo, em Contagem, a professora de Ciências, Cinara Campos Gomes, explica que os alunos se preocupam bastante com o salário médio da profissão e com a duração do curso, porque precisam chegar rápido ao mercado. Além disso, “como não têm condições de pagar uma faculdade, querem saber como entrar na universidade pública e em quais cursos podem ser aprovados mais facilmente”, completa. Gomes também é vice-diretora da Escola Estadual Imperatriz Pimenta, em Ibirité, cujos alunos pertencem a uma camada social inferior aos da Maria do Amparo. Ela conta que muitos não vislumbram chegar à faculdade e os educadores têm que mostrar a possibilidade de ingressarem em uma universidade como a UFMG. “São alunos carentes até de sonho”, afirma. Nas escolas da Capital, principalmente nas privadas, a afinidade com a profissão fala mais alto que o mercado de trabalho. O professor de História e coordenador pedagógico do Colégio São Miguel Arcanjo, Antônio Carlos Miranda, declara que o gosto pela área é o primeiro critério para a escolha da profissão, porque o mercado pode variar até o momento da formatura na faculdade. Kleverson Garcia, professor do curso integrado - médio e técnico - de Química do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) esclarece que os alunos tentam buscar um equilíbrio entre o gosto e a oportunidade que a profissão gera. Apesar da quantidade de informações disponíveis na Internet, uma dúvida independente das classes sociais é sobre a atuação de profissões pouco conhecidas, como Ciências Atuariais. Os questionamentos aumentam quando se trata da diferença entre áreas próximas, como Ciência da Computação e Sistemas de Informação. Os professores afirmam que o desconhecimento dos alunos gera a opção por profissões tradicionais, como Direito e Medicina, da qual “muitas vezes o aluno nem gosta, mas é um curso bem aceito pela sociedade”, afirma Garcia. Desde cedo Entre os professores, é consenso que a escolha é feita quando os alunos ainda são muito imaturos, com até 18 anos de idade. Para que a opção seja cuidadosa, os educadores indicam a busca de informações desde o 1º ano do ensino médio. A falta de preparo faz com que “muitos escolham na hora de marcar o x na inscrição”, comenta Miranda, do Colégio São Miguel Arcanjo. Garcia, do Cefet, explica que se a escolha é feita somente no 3º ano, isso pode gerar muita migração na faculdade, como comprovou em sua experiência também como professor universitário. A educadora da Escola Maria do Amparo levou os alunos do último ano do ensino fundemental à Mostra das Profissões da UFMG, para conherecerem desde já os cursos e orientarem seu ensino médio em função do que pensam em escolher. “Muitos estudantes cursam o técnico com o ensino médio e, depois, escolhem uma graduação totalmente distinta”, explica. Garcia conta que, no Cefet, isso não acontece muito. “A maioria escolhe profissões dentro das exatas e tecnológicas. Cerca de 30% optam por biológicas”, completa. Mas há casos de alunos do técnico de Química que fizeram vestibular para a área de humanas. Para orientar os alunos, os professores têm um papel fundamental. A coordenadora pedagógica do Centro de Ensino Abreu Carvalho, Marieta Botega Castro, acredita que os alunos confiam nos educadores, por isso “precisamos buscar informações, nos atualizar sempre”. Na Escola Maria do Amparo, a professora Cinara e a professora de Ética e Cidadania criaram um projeto para introduzir os alunos nas questões relacionadas à vida profissional. O projeto culminou com a visita à Mostra das Profissões. Muitos colégios também fazem testes vocacionais e promovem visitas de profissionais de diversas áreas para serem “sabatinados” pelos alunos. Os vestibulares seriados também podem ajudar a começar a pensar a profissão desde o 1º ano do ensino médio. Ainda assim, “os alunos fazem inscrições em três, quatro vestibulares, em cursos totalmente diferentes como Direito, Enfermagem e Engenharia”, comenta Botega Castro.