O Brasil está prestes a registrar um novo bem de natureza imaterial, desta vez de origem mineira. O modo de fazer queijo artesanal em Minas pode entrar para a seleta lista dos doze bens reconhecidos até agora pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan. O conselho consultivo do órgão se reuniu, ontem, às 15h, no Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte, para emitir parecer sobre o dossiê preparado pelo historiador e professor José Newton Coelho Meneses, da Escola de Veterinária da UFMG. Meneses foi contratado como pesquisador da universidade para participar do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) do Iphan, feito para avaliar os pedidos de registro de bens de patrimônio de natureza imaterial. O trabalho durou dois anos. O professor visitou as regiões do Serro, Canastra e Alto Paranaíba, que se destacam na produção do queijo no Estado. “Cada região possui sua tipologia específica de produção do queijo, mas há características comuns que permitem identificar um modo de fazer queijo artesanal”, explica. De acordo com Meneses, outras regiões podem ser incorporadas ao dossiê, à medida em que sejam feitos levantamentos técnicos que constatem a prática desse modo de fazer queijo. O queijo artesanal possui características específicas de cor, consistência, gosto e conteúdo de bactérias lácteas. É feito com leite cru e é mais rico do ponto de vista nutricional, porque mantém a reprodução das bactérias. A produção do queijo artesanal foi introduzida em Minas pelos colonizadores portugueses. Hoje, além de preservar a fabricação artesanal, o estado possui a maior indústria de laticínios do país, uma ampla produção e consumo de derivados do queijo e referências culturais relacionadas ao produto como sua incorporação em expressões de fala tipicamente mineira. Após o parecer da reunião, o pedido de registro precisa ser homologado pelo ministro da Cultura, Gilberto Gil. O reconhecimento público do queijo como bem de natureza imaterial é promovido por meio da distribuição gratuita de um kit para bibliotecas de todo o país, composto de livro e documentário baseados no inventário do Iphan. Confira a matéria completa sobre o registro do queijo como patrimônio imaterial na edição 1.610 do Boletim UFMG, que começa a circular na segunda-feira, 19 de maio (www.ufmg.br/boletim)