A mais antiga cantora do mundo a lançar um disco – gravou seu primeiro CD aos 92 anos –, viúva de Donga, autor do primeiro samba gravado, vai cantar no campus Pampulha. Vó Maria vem do Rio de Janeiro para e edição de quarta-feira, 21 de maio, do projeto Quarta Doze e Trinta. O show vai acontecer no auditório da Faculdade de Educação, a partir do meio-dia e meia, com entrada franca. A sambista Dóris abrirá o show. Após ficar viúva duas vezes, Vó Maria casou-se na década de 1960 com Donga. Foi a segunda esposa do compositor, autor do clássico Pelo telefone (com Mauro de Almeida), o primeiro samba gravado, em 1917. Viu nascer boa parte dos clássicos da MPB nas reuniões em sua casa, às quais compareciam Pixinguinha, Xangô da Mangueira, Aniceto do Império, Walter Rosa, Jacob do Bandolim e os iniciantes Martinho da Vila, Clara Nunes, João Nogueira, entre outros. Foi freqüentadora assídua das rodas de samba do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, nas quais fez apresentações de sambas antológicos (inéditos e já gravados), sendo invariavelmente ovacionada pelo público. Fez diversos shows ao lado de Dona Ivone Lara e Tia Eulália. Em 2001 apresentou-se no festival Chorando no Rio. Dois anos depois, lançou o CD Maxixe não é samba, produzido por Marília Barbosa, com arranjos e direção musical de João de Aquino e composições de Wilson Moreira e Nei Lopes, Noel Rosa, Sinhô, Heitor dos Prazeres e Donga. Faz shows ao lado de nomes consagrados, participa de eventos e recebe homenagens como a Ordem do Mérito Cultural, em 2004, das mãos do ministro Gilberto Gil, em Brasília. Segundo o pesquisador Ricardo Cravo Albim, Vó Maria representa “inestimável referência cultural para um país por vezes ingrato com a memória, especialmente dos artistas do povo e dos negros. Não só porque é viúva do Donga, mas porque viu, participou e cantou (nunca profissionalmente, contudo) quase de tudo de lá pra cá”. Dóris A sambista imprime emoção em letras que denunciam injustiças, ao mesmo temo em que valoriza, com alegria, a sonoridade rítmica e poética do samba. Ao escolher cantar a história do samba, Dóris acredita fazer uma homenagem à maior expressão da cultura popular brasileira. "Cantar e contar a história do samba é fortalecer um movimento de resistência e de afirmação do povo negro, que a partir das batidas do tambor, das rodas de candomblé e capoeira na Bahia estendeu-se pelo Brasil e é hoje um dos principais ritmos brasileiros", ela diz.
A sambista Dóris lançou recentemente o CD Dóris canta samba, produzido a partir do acervo de compositores mineiros e de outras partes do Brasil. Entre as faixas regravadas destaca-se Kizomba, festa da raça, de Rodolpho, Jonas e Luiz Carlos da Vila, que levou a Unidos de Vila Isabel à vitória do carnaval carioca em 1988. Uma das músicas inéditas gravadas por Dóris tem mais de 40 anos e foi composta por Ronaldo Coisa Nossa, da Velha Guarda do Samba de Belo Horizonte. O disco traz ainda músicas de Ataulfo Alves, Ricardo Barrão, Serginho BH, Thito França e Toninho Geraes, entre outros.