O Centro Acadêmico Afonso Pena (Caap), da Faculdade de Direito da UFMG, homenageou ontem personalidades que fizeram parte da entidade. A solenidade foi parte das comemorações do aniversário do centro acadêmico, que completa 100 anos no sábado. Na cerimônia, dez ex-diretores receberam a medalha José Carlos da Matta Machado, entre eles o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, o vice-governador de Minas, Antônio Augusto Anastasia, e o presidente da OAB-MG, Raimundo Cândido Júnior. Após a execução do Hino Nacional, Henrique Chaves, presidente do Caap, anunciou o início da solenidade, ressaltando que “a entidade construiu sua história pautada na defesa do estado democrático de direito”. Em seguida, Henrique Carvalhais, membro da equipe de organização do evento, resgatou a memória daquele que batiza a medalha. José Carlos da Matta Machado, ex-estudante da Faculdade de Direito e ex-presidente do Caap, foi morto durante da ditadura militar, devido a sua militância política. Para marcar a recordação de José Carlos, seu irmão Bernardo Novais da Mata Machado foi convidado a discursar. Justiça social Também foram homenageados na solenidade o ex-deputado estadual Antônio Faria Lopes, o escritor e ex-professor Augusto José Vieira Neto, os professores Florivaldo Dutra Araújo e Hermes Vilches Guerrero, o jornalista José Bento Teixeira de Salles, o diretor do fundo de pensão da Cemig Plínio Arantes, e a superintendente-executiva da Associação Mineira em Defesa do Ambiente, Maria Dulce Ricas. Ainda irão receber a medalha o ex-presidente do STF Sepúlveda Pertence e o professor Antônio Augusto Trindade, que não puderam comparecer ao evento. Foi também entregue uma placa a Maria Auxiliadora Vidigal, servidora mais antiga da Faculdade de Direito, que acompanhou de perto grande parte da história do Caap. DAJ completa 50 anos
Patrus destacou militância estudantil como marco de sua trajetória política
Bernardo Novaes falou da emoção de ter uma medalha com o nome do irmão
Entre os homenageados, o discurso mais longo foi de Patrus Ananias. Ele iniciou cumprimentando diversas figuras do público que estiveram presentes em algum momento de sua trajetória política, do movimento estudantil, passando pela prefeitura de BH, até o Ministério. Após lembrar de fatos da ditadura militar, Patrus lamentou que, mesmo após a reabertura política, a justiça social ainda não seja plena e observou que a grande maioria dos advogados está a serviço de uma minoria rica, sendo os pobres punidos muitas vezes injustamente por falta de quem os defenda. O ministro encerrou dizendo aos diretores do Caap para jamais perderem a combatividade, e lembrou frase de Dom Helder Câmara. “Juventude não é idade, é estado de espírito”, disse.
Maria Auxiliadora, funcionária da Faculdade de Direito há mais de 50 anos, também foi homenageada
As comemorações de 100 anos do Caap serão encerradas no sábado, às 16h, quando ocorrerá a missa de ação de graças na Igreja São José. A cerimônia religiosa também marcará o cinqüentenário da Divisão de Assistência Judiciária (DAJ) da Faculdade de Direito. Haverá manifestações indígenas, portuguesas e moçambicanas, além de apresentações de congado, do coral do Palácio das Artes, do coral lírico Ars Nova, da Orquestra da Polícia Militar e da cantora Maria Lúcia Godoy.