O Seminário de Economia Mineira, mais conhecido como Seminário de Diamantina, não é mais, como no início, um evento apenas de economia (e demografia e políticas públicas), nem só de Minas. Suas mesas-redondas e conferências abordam temas nacionais e recebem convidados e participantes de outros estados e do exterior. O professor João Antônio de Paula, da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG (Face), coordenador geral do seminário desde a primeira edição, em 1982, fala nesta entrevista ao site da UFMG sobre as novidades deste ano e sobre como o sucesso do evento se deve também ao charme de Diamantina. Qual o tema do seminário em 2008? Chama a atenção o fato de a programação conter bem mais do que sugere o título do seminário. Por que tratar da Amazônia no Seminário de Diamantina? Que outras novidades estão programadas? De que maneira o evento se aproxima da realidade da região? Os participantes terão opções além das sessões temáticas e debates? Qual é a sua avaliação sobre o momento atual do Seminário de Diamantina?
O seminário deste ano é dedicado aos escritores de Diamantina. Teremos 45 painéis com registros da produção em literatura e história, por exemplo, de autores locais. Esta é uma das marcas do seminário, que pretende contemplar também aspectos sociais e culturais.
O seminário vai muito além do título, que já não traduz fielmente seu conteúdo. Teremos temas e públicos muito variados. Estamos recebendo oito estrangeiros – de Portugal, Inglaterra, Estados Unidos – e gente de vários estados. A expectativa é de que participem cerca de 600 pessoas. Definitivamente, não é um evento só de economia, nem só de Minas. Está consolidado, e ultimamente vem se internacionalizando e apresentando grande amplitude temática.
Essa é uma das novidades. Acontecerá paralelamente, ou no interior do evento, um seminário sobre a Amazônia. O Cedeplar realiza estudos sobre o assunto desde 1975, e detém uma grande massa de informação. É natural, portanto, a interação dos assuntos. Além disso, temos um convênio com a Universidade Federal do Pará, e no ano passado houve um seminário sobre a Amazônia em Belém. Esta é a segunda edição.
No primeiro dia, uma mesa-redonda vai abordar a obra do Padre Antônio Vieira, em comemoração aos 400 anos de seu nascimento, e também os escritores de Diamantina. No último dia, um outro encontro vai refletir sobre os acontecimentos de 1968, discutir se eles ainda estão vivos entre nós, e de que forma.
Uma das iniciativas mais significativas de interação com a região de Diamantina é a promoção de dois cursos, sobre desenvolvimento regional e história política e cultural de Minas Gerais. Desta vez, a maioria dos inscritos é de fora, mas o público preferencial é da região, e alunos de lá devem ser maioria quando a idéia estiver mais difundida. Também teremos, como em outras edições, uma exposição de artesanato local, reunindo pessoas carentes e talentosas. O seminário tem como um de seus objetivos a valorização da cultura local, e isso o torna mais vivo e dinâmico.
A prefeitura de Diamantina vai nos oferecer no dia 28 uma sessão da famosa Vesperata (espetáculo em que músicos e cantores se apresentam num largo, das janelas das casas). Para o dia 27, a instrumentista e professora Odette Ernest Dias está organizando um concerto com músicos e repertório local. E vamos ter também a pré-estréia de um documentário sobre o economista Celso Furtado.
O seminário cresceu mais do que podíamos imaginar, é como se não fosse mais nosso, ganhou vida própria. Recebemos demandas o tempo inteiro. Temos apoios diversos, mas ele ficou muito complexo em termos de logística, tanto que começa a ser preparado um ano antes. Nesse ponto, é preciso destacar o trabalho de Maristela Dória, secretária do Cedeplar: sua competência e seu conhecimento do seminário são responsáveis em grande parte pela sua viabilização. E o sucesso do evento se deve muito à cidade de Diamantina, que é charmosa e elegante, e que, por estar distante, evita a dispersão.