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Mensagem do cientista é mais eficiente no rádio, afirma jornalista italiana

quarta-feira, 24 de setembro de 2008, às 13h14

O rádio é mais participativo que a televisão e permite que o cientista fale com seu público de maneira mais relaxada e despretensiosa, diz a jornalista italiana Elisabetta Tola, em entrevista ao Portal UFMG. Ela faz palestra hoje, às 19h30, na abertura do Encontro Nacional Rádio e Ciência, sobre “Programas radiofônicos em divulgação científica”. Elisabetta Tola é colaboradora do programa Radio3 Scienza, da Rádio Nacional Italiana.

Quais são as especificidades do rádio no que se refere à divulgação da ciência?
Estou plenamente convencida de que o rádio é um ótimo meio para divulgar a ciência comparado à televisão e aos jornais, por uma série de razões. Em primeiro lugar, o rádio permite que haja uma conversa, o que significa que os cientistas têm tempo, espaço e os meios apropriados para discutir o que fazem, a forma como decidem abordar o assuntos, a paixão que põem em seu trabalho. Debate-se muito sobre se o rádio é bom ou não para comunicar qualquer tópico científico, já que algumas vezes pode ser necessário usar imagens. A imagem pode fazer diferença em alguns casos, mas acho que, exatamente por não oferecer imagens, o rádio permite aos ouvintes especular e produzir imagens mentais de forma muito melhor que a TV. Em certo sentido, o processo de ouvir e argumentar não está muito distante daquele de aprender e produzir conhecimento novo. É como dizer que o processo mental da fruição do rádio é bem próximo do que os cientistas utilizam para elaborar novas abordagens e experimentos: pensar sobre aquilo, imaginar em sua mente e então tentar na prática. Além disso, o rádio é muito bom para mostrar uma conversa entre cientistas e o público, uma vez que ele é mais participativo e menos hierárquico que a televisão, onde cada cena tem de ser completamente discutida de antemão, e o público raramente interage de forma espontânea. Durante um programa de rádio, normalmente, o cientista pode falar com seu público de uma forma muito mais relaxada, e portanto sincera e despretensiosa. Já aconteceu comigo de uma entrevista expressar uma visão ou pensamento original simplesmente porque a atmosfera da conversa inspirou o cientista a reagir como numa conversa real. Entretanto, especialmente na maioria dos países ocidentais, a TV se mantém como a mídia que as pessoas mais usam para obter informação. Estou certa de que os podcasts podem no futuro mudar essa tendência, já que a convergência de rádio e internet está abrindo muitas oportunidades para a multiplicação de produtos de rádio e o aumento do número de ouvintes.

Qual a situação da divulgação científica em seu país?
Na Itália, a divulgação da ciência engatinha. A Itália continua sendo um dos países mais iletrados no contexto europeu, no que se refere a ciência e tecnologia. E a produção de rádio reflete essa tendência. A maioria das mídias dá muito mais atenção às políticas nacionais e locais que ao papel estratégico do conhecimento, em particular do conhecimento científico, para promover o desenvolvimento do país, produzir riqueza e contribuir para uma melhor qualidade de vida. Isso é bem representado pela escassez de programas científicos nas emissoras públicas italianas. Atualmente, apenas dois circuitos nacionais têm um programa de C&T. Para tentar vender a idéia de que ciência é parte da cultura e do conhecimento comuns, o programa Radio3Scienza optou por um formato e um tipo de conteúdo que destacam as conexões entre a pesquisa científica e a cultura geral do povo italiano. Porém, a Radio3 é uma emissora cultural, o que vale dizer que sua audiência é muito específica. Por outro lado, há muito mais programas de ciência e tecnologia nas emissoras locais. Um noticiário semanal sobre astronomia é transmitido por mais de 50 emissoras locais. E há programas semanais em rádios regionais, locais e universitárias. Talvez seja esta a solução, em nosso caso, para multiplicar a oferta de programas de boa qualidade nos programas de âmbito regional e local. Naturalmente, nesses casos, a atenção a universidades e instituições de pesquisa locais e regionais é muito maior e permite que mesmo cientistas menos famosos em nível nacional apareçam nesses programas, criando ligação mais direta entre os ouvintes que vivem em determinada cidade e as pessoas que efetivamente trabalham nos laboratórios daquele lugar.


Como a presença de assuntos científicos na mídia pode afetar a vidas das pessoas?
Tenho sérias dúvidas de que do ponto de vista do cotidiano um maior conhecimento de ciência e tecnologia possa ser instrumento de mudança na vida de alguém. Mas acho que na era contemporânea não deve haver espaço para profissionais, intelectuais, políticos e analistas que não sejam capazes de entender ciência e tecnologia atuais. É fácil, na Itália, mostrar o efeito deletério da falta de conhecimento científico na vida das pessoas. Durante os últimos poucos anos, o Parlamento italiano aprovou uma série de leis, sobretudo a que trata da fertilização in vitro, que são feitas sem levar em consideração a contribuição científica, nem a experiência de milhares de pessoas; são baseadas em confusões conceituais de base religiosa, ideológica e filosófica. O resultado é que, para uma pessoa comum, é quase impossível entrar num processo de fertilização in vitro sem enfrentar restrições que são absurdas do ponto de vista científico. Entretanto, quando chamadas a se expressar num referendo para abolir essa lei terrível, os italianos se recusaram a votar, garantindo vida longa à lei. Por que isso aconteceu, ainda que o rádio, a televisão e os jornais tenham discutido o assunto quase todos os dias por meses? Talvez não tenham sido usados a linguagem e a forma adequadas para mostrar resultados e efeitos da lei. O debate se deu em um nível muito mais ideológico e a maioria das pessoas simplesmente decidiu que não tinha informação e conhecimento para sair de casa e se manifestar. Para profissionais da mídia, uma maneira dura de aprender uma lição!

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