Responsáveis pela assistência estudantil em quatro universidades públicas brasileiras apresentaram, na tarde de hoje, no auditório da Reitoria, as experiências das instituições nesse campo. Eles participaram de mesa-redonda do Seminário sobre Assistência Estudantil da UFMG. Três deles, ligados a universidades federais, apontaram o Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), do Ministério da Educação, como um passo adiante no fortalecimento da área nas instituições em que atuam, por representar uma garantia de recursos para os programas de apoio a alunos de baixa renda. A mesa-redonda contou também com a participação de uma representante da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que não integra o Pnaes. Confira o que cada um falou sobre o assunto: Unicamp Ufes UFRGS UFPB A mediação da mesa-redonda foi da coordenadora de Assuntos Comunitários da UFMG, Maria Célia Nogueira Lima. O Seminário sobre Assistência Estudantil, realizado durante todo o dia, começou na manhã de hoje, com a palestra Público e Privado, da filósofa Marilena Chauí, da Universidade de São Paulo (USP). A programação teve, ainda, as palestras Assistência e Assistencialismo, com a professora Maria do Socorro Mendes Gomes, da Universidade de Brasília (UnB), e A Assistência Estudantil na UFMG e as Novas Demandas, com apresentação da presidente da Fundação Mendes Pimentel (Fump), Rocksane de Carvalho Norton, e coordenação do diretor para Assuntos Estudantis da UFMG, Seme Gebara. O seminário faz parte da Semana do Conhecimento e Cultura da UFMG, que termina amanhã.
A primeira exposição foi da coordenadora do Serviço de Apoio ao Estudante (SAE) da Unicamp, Maria Tereza Rodrigues. Ela disse que a política da universidade paulista na área segue uma concepção ampla, que não se resume à assistência estudantil. Entre os serviços oferecidos ao aluno estão a concessão de bolsas, programas de estágio e recrutamento profissional, orientação jurídica e educacional, moradia, assistência médica e apoio psicológico e psiquiátrico. Segundo Maria Tereza, a bolsa-trabalho, no valor de R$ 420, beneficia todos os anos cerca de 950 estudantes da Unicamp. Eles trabalham 15 horas por semana em projetos da universidade.
Na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o Pnaes não fortaleceu, mas permitiu a própria implantação de uma política de assistência estudantil. É o que afirma o Secretário de Inclusão Social da univesidade capixaba, Antônio Carlos Moraes. De acordo com ele, até o ano passado a instituição não mantinha programa de apoio a estudantes de baixa renda, embora, só nos cursos de licenciatura, eles representassem mais de 30% do total. A mudança veio em agosto de 2007, junto com a aprovação de um sistema de reserva de vagas para alunos de escolas públicas. O novo programa prevê ações para facilitar o acesso e a permanência desses estudantes na Ufes. Entre outros benefícios, prevê apoio na aquisição de material didático e empréstimo semestral de livros para os alunos que não podem comprá-los.
Na avaliação do vice pró-reitor de Extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Ângelo Ronaldo Pereira da Silva, o Pnaes contribui para consolidar uma visão da assistência estudantil como investimento, e não como custo. Segundo ele, que foi durante seis anos secretário de Assuntos Estudantis da universidade gaúcha, isso é especialmente importante num contexto de ampliação da inclusão social. A UFRGS passou a adotar, este ano, um sistema de cotas para egressos de escolas públicas que também contempla estudantes negros. Entre os serviços prestados pela UFRGS ao aluno, estão moradias estudantis, restaurantes universitários, concessão de bolsas, programas de estágio, auxílio-transporte e colônias de férias no litoral do estado.
O coordenador de Assistência e Promoção Estudantil da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Kléber Salgado Bandeira, também destacou o papel do Pnaes na área. Ele disse que a assistência estudantil deve assumir diferentes formatos, de acordo com o perfil de cada instituição. Na UFPB, por causa do grande contingente de alunos de baixa renda, a coordenadoria da área decidiu limitar o acesso ao restaurante universitário a essa faixa de estudantes, que têm café da manhã, almoço e jantar. As refeições são gratuitas e atendem 2,6 mil alunos. A universidade oferece, ainda, moradias estudantis, atendimento médico, odontológico e psicossocial e auxílio-transporte.