A UFMG já manifestou discordância com relação ao projeto-de-lei aprovado no último dia 20 pela Câmara de Deputados, que define regras de inclusão social a serem aplicadas no acesso a universidades e escolas federais. Em entrevista que foi ao ar hoje, no Jornal UFMG, da rádio UFMG Educativa, a pró-reitora adjunta de Graduação, Carmela Polito, defendeu o sistema de bônus que será adotado pela Universidade a partir do Vestibular 2009. O projeto, que seguiu para votação no Senado, reserva mínimo de 50% das vagas nas instituições públicas de ensino superior para alunos que cursaram integralmente o ensino médio em escolas públicas. Os parlamentares aprovaram também emenda que destina metade das vagas reservadas aos estudantes de famílias com renda per capita de até 1,5 salário mínimo (R$ 622,50). A outra metade deverá ser preenchida por alunos negros, pardos e indígenas. A divisão das vagas entre as etnias seguirá as proporções na população do estado onde é localizada a instituição de ensino, de acordo com dados do IBGE. A pró-reitora argumentou a favor do sistema da UFMG, que “não prevê cotas nem reservas de vagas, mas uma bonificação sobre o desempenho do candidato”. Carmela Polito destacou que a política de inclusão em vigor na Universidade “foi aprovada pelo Conselho Universitário depois de longas discussões”. O sistema prevê adicional de 10% sobre a pontuação dos candidatos que cursaram os últimos sete anos em escola pública e mais 5% para os que se autodeclararem negros ou pardos. Estimativa Sobre o inclusão dos indígenas, contemplada pelo projeto aprovado na Câmara, Carmela defendeu mais uma vez a postura da UFMG, que pretende tratar o assunto separadamente. “Achamos que uma política que beneficie os indígenas deve ser mais completa, envolvendo assistência à saúde e à moradia, adaptação cultural e um trabalho de nivelamento no que concerne aos conteúdos”, ela explicou. A pró-reitora adjunta de Graduação da UFMG afirmou ainda que a Universidade certamente estará presente nos debates sobre o assunto, tanto no âmbito da Andifes, entidade que reúne os dirigentes de universidades federais, quanto em outros fóruns.
Carmela ressaltou ainda que a expectativa da UFMG, que hoje recebe cerca de 35% de alunos oriundos de escolas públicas, é de que esse percentual chegue a 50% ao final de um prazo de quatro anos. “Essa é uma estimativa razoável baseada em estudos estatísticos muito detalhados” disse a pró-reitora. Ela acrescentou que a UFMG não adotou o critério de renda familiar sobretudo porque este é um dado de comprovação difícil, o que tende a gerar insegurança no desenvolvimento do processo de seleção.