A pesquisadora Mildred Dresselhaus, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), atraiu centenas de pessoas ao auditório da Reitoria da UFMG na tarde desta quinta-feira, 2 de abril, para a segunda conferência de 2009 do ciclo Sentimentos do Mundo. Como debatedor da conferência, o professor Marcos Pimenta, do Departamento de Física da UFMG, fez a apresentação da convidada. “Temos a honra de receber uma das maiores pesquisadoras de nosso tempo, que desenvolveu importantes estudos na área de supercondutores, semicondutores e estrutura eletrônica do carbono, ajudando a impulsionar as pesquisas na área da nanociência”, destacou. O evento contou também com a participação da vice-reitora Heloísa Starling, que realizou a abertura oficial dos trabalhos. Desafios energéticos O primeiro questionamento, no entanto, foi levantado pela própria pesquisadora. Como a sociedade vai suprir a crescente demanda por fontes energéticas, tendo em vista a diminuição das reservas de combustíveis tradicionais? Segundo Mildred, a população mundial cresceu expressivamente nas últimas décadas, impulsionado também a demanada por energia, que será três vezes maior em 2100. Por outro lado, 85% da energia utilizada no mundo vem de combustíveis fósseis, os chamados combustíveis não-renováveis. “Em consequência, enfretaremos, nos próximos anos, uma grave crise energética. Precisamos desenvolver alternativas para suprir esta demanda”, disse. Outro desafio, apontou a pesquisadora, é diminuir o calor e a poluição gerados pela utilização dos combustíveis. “O planeta está mais quente. A temperatura subiu, neste século, mais do que em todos os anteriores. A emissão de CO2 também é preocupante”, constatou para, em seguida, apontar os caminhos possíveis. Para Mildred, a energia solar é a grande aposta para produção de calor, eletricidade e combustíveis. “O sol é uma inesgotável fonte de energia. Só precisamos aprender como utilizá-la sem muitas perdas. É aí que entra a nanotecnologia”, afirmou. Segundo Mildred, os materiais em escala milimétricas possuem propriedades diferentes, que podem ajudar na geração e armazenamento da energia. “Hoje já é possível transformar a luz solar em eletricidade utilizando uma tecnologia que é cara e restrita. O desafio da nanotecnologia é torná-la mais barata e acessível para a população”, completou. E o conhecimento para viabilizar esta tecnologia pode vir das plantas. Mildred lembrou que os seres vegetais produzem sua própria energia a partir da fotossíntese. “Há um grupo de cientistas que se dedicam especialmente ao desenvolvimento de sistemas artificiais capazes de reproduzir a fotossíntese. Se entendermos como ela funciona, quem sabe também utilizaríamos a água, o sol e o CO2 para produzir nossos combustíveis”. Mildred Dresselhaus
Durante aproximadamente duas horas, Mildred apresentou o tema Nanotecnologia e desafios energéticos para o século XXI e respondeu perguntas da plateia.
Doutora em supercondutividade elétrica, Mildred atua como professora de engenharia elétrica e pesquisadora do Laboratório Lincoln do MIT. É referência mundial em nanotecnologia, área na qual desenvolve estudos sobre supercondutores, semicondutores e estrutura eletrônica do carbono. Foi assessora do Departamento de Energia dos Estados Unidos durante o governo de Bill Clinton.