Formado por 231 instituições e cerca de 600 mil alunos, o sistema de ensino superior chileno foi o foco do quarto encontro do Ciclo de Seminários sobre Educação Superior na América Latina, realizado na manhã desta sexta-feira (24) pela Pró-Reitoria de Graduação da UFMG. O evento, que teve transmissão ao vivo e terminou agora, às 12h50, reuniu alunos e professores da Universidade e também representantes de outras instituições de ensino superior de Minas Gerais, como o UNI-BH, a Faculdade de Ciências Médicas e a Universidade Federal de Ouro Preto. Por cerca de duas horas, os participantes acompanharam as apresentações dos especialistas Julio Castro Sepulveda, assessor da vice-presidência da Oficina Regional Andina da Laureate Education, Luis Eduardo González, diretor do programa Política y Gestión Universitaria do Centro Interuniversitario de Desarrollo (Cinda), e Maria Jose Lemaitre, diretora acadêmica do Cinda. O histórico do ensino superior no Chile, demandas e formas de acesso, taxas de conclusão e evasão, financiamento da educação superior, o papel do Estado e mecanismos de inclusão social foram alguns dos temas abordados no encontro, que contou também com a presença do reitor da UFMG, Ronaldo Tadêu Pena. De acordo com Mauro Braga, pró-reitor de graduação, o objetivo é ampliar o conhecimento da comunidade acadêmica da UFMG sobre a educação superior na América Latina, além de fortalecer os laços entre instituições de ensino dos diferentes países. “Este ciclo é extraordinário porque busca avaliar os distintos sistema de ensino da América Latina. Temos, assim, a oportunidade de aprender com a experiência dos outros países. A troca de informações é sempre útil e necessária”, afirma Maria Jose Lemaitre. Ensino no Chile A abertura do mercado para as instituições privadas aconteceu em 1981, quando ocorreu uma reforma no sistema de ensino. Até então, existiam apenas as universidades públicas e as universidades privadas financiadas pelo Estado. Hoje, são 35 universidades privadas sem subsídio do governo, contra 16 estatais e nove que recebem subsídios. “Estamos em uma etapa muito interessante de crescimento, na qual o acesso foi ampliado”, avalia Maria Jose Lemaitre. Até a década de 70, apenas 7% dos jovens entre 18 e 24 anos tinha acesso à educação superior no Chile, a maioria das classes mais altas. “Hoje a taxa é de 38%, o que é um resultado muito bom. Incorporamos pessoas com menor bagagem cultural. Cerca de 70% dos jovens que entram na educação superior fazem parte da primeira geração de estudantes de sua família. Manter a qualidade do ensino é o nosso grande desafio”, ressalta Julio Castro Sepulveda. Para Maria Jose, outra necessidade é adequar o sistema de ensino às demandas dos diferentes grupos de estudantes. “Alguns desejam uma formação mais acadêmica, outros, um curso voltado para o mercado”, completa. Foca Lisboa
Atualmente, o sistema de ensino superior no Chile atende cerca de 600 mil alunos, divididos entre universidades, institutos profissionalizantes e centros de formação. Segundo Luis Eduardo González, o número de universidades duplicou nos últimos anos. Juntamente com o número de alunos, cresce também a preocupação em manter a qualidade do ensino. “Para muitas instituições privadas, o ensino é apenas um negócio, o que prejudica o aspecto acadêmico”, avalia González.
Especialistas discutem educação superior no Chile