As redes e a Internet foram o fio condutor da discussão da conferência da manhã de hoje, 3 de julho, da Semana Internacional de Artes Digitais e Alternativas (Siana). Os debatedores foram Patrice Flichy e Rodrigo Minelli, com a mediação da professora da UFMG Beatriz Bretas. O professor de Sociologia da Universidade Paris Est, Patrice Flichy, apresentou elementos da web 2.0 que ilustram uma nova visão sobre a construção do conhecimento e do saber. A criação de ligações entre páginas e o sistema de bookmarking, em que os próprios internautas indicam outros sites, são algumas das propriedades citadas pelo pesquisador que são próprias da internet e que, segundo ele, condicionam grande parte da interação que o meio propicia. O professor discorreu sobre a capacidade da internet de criar uma inteligência coletiva. “Primeiro, aqueles que estão no meio 2.0 não são impostos a classificações: o conteúdo é classificado de uma forma comum entre os indivíduos atuantes. Mas, principalmente, há uma construção coletiva do saber. A Wikipedia é um exemplo dessa deliberação, já que os autores são levados a dialogar com outras pessoas e tem o conteúdo constantemente avaliado e remodelado”, analisou Patrice Flichy. Além da Wikipedia, o pesquisador usou como exemplos os blogs, fanzines e o site de relacionamentos voltado para música Myspace. Para ele, são instrumentos que criam um primeiro nível de circulação de informações e possibilitam uma rede de trocas quase instantânea. “É uma ideia encontrada já nos anos 60, de que cada um poderia criar sua própria mídia. A realidade é um pouco diferente, as granes mídias não desapareceram, mas a relação com a informação se transformou”, afirma. A tecnologia e o espaço público Rodrigo Minelli avalia que a capacidade dessa instrumentação vem aliada à participação efetiva de toda a sociedade: potencializa a troca de informações, de novas formas de expressão e transforma o modo como pensamos. “O espaço público é transformado pela tecnologia e ganha novos sentidos?”, questionou. O mote da pergunta se liga ao fato, descrito pelo professor, de que o privado se torna facilmente público através da Internet. Ele relata o surgimento de uma cultura de expor acontecimentos à medida que se desenrolam ou mesmo antes de acontecerem, potencial amplamente explorado pelo site Twitter. Com frases de no máximo 140 caracteres, os inscritos publicam o que desejam, com repercussão imediata. Mais atividades Hoje, às 20h, a programação da Siana conta com o espetáculo Cortiços, da Cia de Teatro Luna Lunera, no teatro do Espaço Cultural Oi Futuro, avenida Afonso Pena, 4001. A peça também está em cartaz amanhã, no mesmo horário. A Siana Brasil é realizada pela Cia de Teatro Luna Lunera, com co-realização da UFMG, e acontece até o dia 12 de julho. Outras informações pelo telefone (31) 3444-7983 ou através do site www.sianabrasil.com.br. Leia mais sobre a Siana na matéria Arte em mutação do Boletim UFMG.
Depois de Patrice Flichy, o professor adjunto do curso de Comunicação Social da UFMG Rodrigo Minelli assumiu a conferência desta sexta-feira. A discussão levantada pelo pesquisador partiu da tecnologia das novas mídias: “as redes permitem a conexão potencialmente em qualquer lugar, por qualquer pessoa. Hoje existem mais números de celulares registrados que de CPF”, diz.
Professor da UFMG Rodrigo Minelli debate as novas mídias na Siana Brasil
O professor de Filosofia na Pennsylvania State University Alphonso Lingis e o diretor do Departamento de Comunicação Social da UFMG, Carlos Mendonça, são responsáveis pela penúltima conferência da Siana, amanhã, 4 de julho, no Conservatório UFMG, avenida Afonso Pena, 1534. O também professor do curso de Comunicação Social César Guimarães mediará o debate.