Universidade Federal de Minas Gerais

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Ângela Ribeiro: expansão da neurociência é uma realidade

Interdisciplinaridade na neurociência coloca desafios que devem ser debatidos, reflete pesquisadora

sexta-feira, 18 de setembro de 2009, às 10h47

Cerca de 300 pesquisadores e estudantes de mestrado e doutorado de todo o país participam a partir desta sexta-feira, na UFMG, do simpósio Interdisciplinaridades na neurociência. O evento, coordenado por programa de pós-graduação homônimo da Universidade encontra-se em sua terceira edição. "Não há vagas e o telefone não para de tocar", relata a professora Ângela Maria Ribeiro, coordenadora do evento e do programa. O crescimento da área pode ser identificado em outros números: 142 trabalhos inscritos serão apresentados na forma de pôster até amanhã, no campus Pampulha. Pelo menos 100 deles são inéditos. Em entrevista ao Portal UFMG, Ângela Ribeiro pontuou algumas questões que serão discutidas no evento.

Há alguns anos existia no país dificuldades de obter recursos para pesquisas sobre temas multidisplinares - como os da área de neurociência - porque os comitês científicos das agências financiadoras, responsáveis pela aprovação das propostas, são altamente especializados. Esse problema permanece?
Sim. Evoluiu um pouco desde há 20 anos atrás, mas não o suficiente. Existia, já nessa ocasião, política dentro de órgãos de fomento da pesquisa, incentivando os então chamados projetos integrados. Porém, quando tentávamos aplicar essas propostas, o retorno não era positivo. Mas de uma forma mais generalizada os pesquisadores dedicados a estudar fenômenos complexos que exigem abordagem interdisciplinar têm dificuldade de encontrar um comitê para avaliar suas propostas de pesquisa. Isso acaba prejudicando o desenvolvimento dessas áreas.

Há a presença de um convidado de comitê interdisciplinar da Capes, na programação do simpósio. Isso será discutido?
Exatamente. É um painel de debate, que fecha o evento. Na Capes já foi criada a área interdisciplinar para a neurociência. Ainda há várias questões a serem resolvidas, como por exemplo, avaliação dessa modalidade de programa. Isso será discutido nesse painel. Como nesses programas há docentes de diversas áreas do conhecimento, os critérios de avaliação são diferentes - o formato de publicação, por exemplo. Então, para encontrar um denominador comum numa equação que valorize igualmente todas as áreas e contemple de uma forma mais adequada a área interdisciplinar, a Capes está fazendo um esforço para conseguir solucionar essa questão. Eu acho que vem conseguindo.

E o CNPq?
Não tem, mas há diálogo nessa direção. Considerando os grupos que trabalham nos vários centros de universidades federais e outras, já há demanda que justifica a criação de um comitê de neurociências no CNPq.

No exterior, em centros mais avançados, isso já é resolvido?
Sim. A Universidade de Londres, por exemplo, já conseguiu solucionar a questão.

Além dessa questão, quais seriam hoje os desafios do programa?
O modelo de departamento e de disciplina gera uma infraestrutura que não atende a esses programas interdisciplinares como o de neurociências. Na UFMG, por exemplo, o programa de neurociências não é vinculado a um departamento, está ligado ao ICB. Mas há os docentes dos departamentos das outras unidades, que não têm o mesmo tipo de relação com o programa que o ICB estabelece. Em termos de gestão, precisaríamos ter um espaço neutro dentro da Universidade como, por exemplo, o Ieat. Acho que a interface entre secretaria e colegiado do programa deveria ter um órgão da UFMG e não uma unidade.

O programa de pós-graduação em neurociêncas está completando dois anos. Qual o balanço que se faz?
Uma tese de doutorado e nove dissertações de mestrado foram defendidas. E já estamos com duas teses agendadas. O programa está tendo muito sucesso porque recebe alunos com perfiis diverificados, e cujo objetivo comum é o conhecimento do cérebro, mas abrangendo as mais diversas formações. Então recebemos estudantes da fisioterapia, da fonoaudiologia, da educação física, da educação, da medicina, das ciências biológicas, farmácia, enfim, é uma gama enorme de áreas.

Na programação do simpósio vê-se a participação de pessoas da área de engenharia. Qual a contribuição desse campo?
Na realidade são desenvolvimentos de métodos de exames. Há interação tecnológica, e tem a parte de desenvolvimento de biotecnologia.

Quantos participantes o simpósio está recebendo?
São 300 pessoas. Não há mais vagas e o telefone não para de tocar.

E quantos são os trabalhos inscritos?
São 142 trabalhos.

São pôsteres?
Haverá sessão de pôsteres com trabalhos de pós-graduandos e pesquisadores. Contemplam oito áreas da neurociência - neurociência e educação; neuropiscofarmacologia; neuropsiquiatria; neurologia; psicologia; neurociência comportamental; neurociência básica e a parte de processamento de sinais, computação.

Isso é reflexo do aumento da pesquisa no Brasil nessa área?
Eu acho que sim. Na realidade, a área de neurociência na UFMG já existe há muitos anos. Os grupos de pesquisa, a produção do conhecimento na área, foram criados pelos professores Carlos Ribeiro Diniz, Conceição Machado, na área de neurobiologia.

Isso foi em que década?
Por volta da década de 1970. Eles iniciaram uma área forte na UFMG que foi a de neurotoxina, com pesquisas sobre venenos. Ou seja, a produção de conhecimento na área de neurociência já está bastante consolidada, há muitos anos. Agora, a formalização desse processo dentro de um programa de pós-graduação é que completou dois anos.

Quais foram as contribuições da pesquisa brasileira nesse campo? O trabalho do Rio Grande do Sul sobre memória, por exemplo, é bastante conhecido...
No panorama internacional, o grupo do Rio Grande do Sul, do professor Ivan Izquierdo produziu contribuição científica relevante. Se fizermos uma revisão da literatura, o trabalho que eles desenvolveram possui diferencial muito grande. Outra contribuição que tem história e fez escola no Brasil é a piscobiologia da USP, de Ribeirão Preto. Na área de psicofarmacologia esse núcleo deu contribuições extremamente relevantes, e de repercussão internacional, para a neurociência.

Qual o DNA da UFMG nessa área? A característica é a diversificação ou um setor se destaca?
Há diferentes grupos. Na medicina, na área de neurologia, o professor Francisco Cardoso, com estudos do movimento, é referência no Brasil e internacional, também. Outro grupo de destaque da medicina é o do laboratório de neurociência, montado por professores que vieram do departamento de farmacologia do ICB - Marco Aurélio Romano Silva e Humberto Correia. Eles trabalham com biologia molecular na parte de genética e com psicobiologia, e também têm feito trabalhos importantes e relevantes. Os núcleos que compõem o programa de pós-graduação em neurociência na UFMG estabelecem muitos contatos com o exterior - há convênios e projetos em colaboração. Essa troca, tanto para a formação dos alunos - eles enviam estudantes ao exterior e recebem professores de fora - como para a pesquisa, têm estimulado muito o crescimento da área na Universidade

De que maneira a neurociência contribui hoje com a qualidade de vida das pessoas - considerando o envelhecimento da população e maior ocorrência de doenças degenerativas?
Sobre o envelhecimento e a neurodegeneração, um dos objetivos e das contribuições da neurociência é entender esse processo e tentar desacelerá-lo. Há progresso bastante grande no conhecimento dos mecanismos de neurodegeneração e, como consequência, são desenvolvidos fármacos, que retardam o problema, melhorando a qualidade de vida do paciente. Mas as contribuições da neurociência tem abordagens de vários níveis. Dentro da área de humanas usa-se métodos como terapia cognitiva comportamental. Existem várias pesquisas na tentativa de encontrar uma maneira de implementar esse método e melhorar a qualidade de vida das pessoas sem recorrer a abordagens químicas. Há trabalhos da neurociência, por exemplo, mostrando que o estímulo não químico, mas ambiental, propiciado pela terapia cognitiva comportamental, muda a biologia do cérebro. Por meio de técnicas de ressonância magnética funcional, é possível observar a atividade do cérebro, in vivo, e mostrar mudanças de ativações de circuitos no sistema nervoso central. Isso tudo supõe o desenvolvimento de técnicas da engenharia para detectar esses sinais. Existe a metodologia da psicologia, da área de humanas, de interagir com essa rota, o que exige conhecimento da neurobiologia. Logo, essa é a importância da atuação interdisciplinar e da formação de equipes que propiciem o desenvolvimento de conhecimentos capazes de serem revertidos em benefícios para as pessoas.

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