Cerca de 650 representantes indígenas de 210 povos estão reunidos desde segunda-feira, dia 16, em Luziânia, Goiás, para discutir questões como educação escolar, territorialidade e autonomia. As discussões fazem parte da programação da I Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena, que acontece até a próxima sexta-feira, dia 20. O evento é uma realização do Ministério da Educação, em parceria com o Consed e a Funai. Nesta quarta-feira, os debates abordaram temas como práticas pedagógicas indígenas, diretrizes para a educação indígena, participação e controle social, política, gestão e financiamento. O professor indígena José dos Reis Xacriabá, aluno do curso de formação de professores indígenas da UFMG, participa da conferência e diz que espera bons resultados do evento. “As escolas indígenas, da forma como estão organizadas em todo o Brasil, não estão atendendo às demandas das comunidades. Particularidades das escolas indígenas como a cultura do povo e o calendário escolar devem ser respeitadas. Para isso, as comunidades precisam participar das discussões e da organização do sistema escolar indígena”, afirma o professor. Programas “A UFMG trabalha com as comunidades indígenas desde 1996, com o curso de magistério e, agora, com o curso de licenciatura. A proposta é caminhar junto com os professores indígenas no rumo da sua autodeterminação política, intelectual e econômica”, ressalta a professora. Ela assinala também que o objetivo é fortalecer os projetos sociais de cada comunidade indígena e formar alunos voltados para as necessidades de suas aldeias, para que exerçam atividades que fortaleçam a cultura, a economia e a própria identidade do povo. Para Márcia, a conferência é uma grande vitória dos povos indígenas. “Cada escola indígena é um universo absolutamente diferente. Por isso, ter toda essa diversidade presente é extremamente importante para o fortalecimento da diversidade dos povos indígenas e de suas escolas e para que nós, não indígenas, e as universidades possamos estar juntos nessa caminhada”, salienta. De acordo com a professora, a partir do evento devem ser ampliados os recursos investidos pelo Governo Federal na educação indígena. “No entanto, a educação indígena, pela Constituição e pela LDB, é uma responsabilidade dos estados, que também devem se empenhar mais nessa causa”, destaca. (Com Rádio UFMG Educativa)
A professora Márcia Spayer, do curso de formação de educadores indígenas da Faculdade de Educação (FaE) da UFMG, explica que a Universidade conta com três programas voltados ao povo indígena. O curso de formação de educadores indígenas, iniciado em 2006, está formando a primeira turma. Em agosto entrou uma nova turma, por meio do Reuni, para formação regular. Há ainda um programa de acesso e permanência de estudantes indígenas em cursos regulares da Universidade.