Foi lançado ontem (25), em Brasília, o estudo Economia da mudança do clima no Brasil: custos e oportunidades, que concluiu que o país poderá ter perdas de até R$ 3,6 trilhões em 2050, caso nada seja feito para reverter os impactos da mudança climática. O evento, realizado no auditório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), reuniu a secretária de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, Suzanna Kahn Ribeiro, o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Climático e Tecnológico – CNPq, Marco Zago, o embaixador do Reino Unido no Brasil, Allan Charlton, além de alguns dos pesquisadores das 11 instituições que participaram do trabalho, incluindo a UFMG. O presidente do conselho consultivo e coordenador do estudo e professor da USP, Jacques Marcovith, abriu o evento destacando o ineditismo do relatório, que reuniu as principais instituições científicas do país. Segundo ele, os dados divulgados poderão contribuir com o governo para a implementação de medidas de adaptação e prevenção mais eficientes em termos de custos e benefícios. “O estudo nos dá fundamentação científica essencial para atingirmos nossos objetivos. Nos ajudará, ainda, a cumprir as metas brasileiras que serão levadas a Copenhague” – destacou Suzanna Kahn, sobre a contribuição da pesquisa no encontro internacional sobre o clima agendado para para 9 de dezembro. Para ela, o estudo é um aviso não só para o governo, mas para toda a sociedade, “porque mostra quando e como devemos agir”: Migrações O trabalho contou com a participação de pesquisadores da Escola de Veterinária da UFMG e do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Faculdade de Ciências Econômicas (Face) na produção do módulo Mudanças climáticas, migrações e saúde no Nordeste brasileiro 2000-2050. Alisson Barbieri, do Cedeplar, e Ulisses E. C. Confalonieri, da Escola de Veterinária, coordenaram o estudo pela UFMG. De acordo com o documento, considerado o cenário A2 (alterações mais rigorosas no clima) do IPCC, haveria aumento médio na temperatura da região em 4 graus celsius e queda de 11,4% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2050, devido à redução das atividades agrícolas. Isso corresponderia a dois anos sem crescimento. O impacto seria tão severo que as áreas de plantio do Ceará, Paraíba, Piauí e Pernambuco poderão ser reduzidas em até 50%. Como consequência, prevê-se um aumento das migrações: pelo menos 250 mil nordestinos deixariam a região entre 2035 e 2040. Reportagem da Revista Diversa da UFMG, publicada em julho de 2008 antecipou parte do estudo. A edição foi totalmente dedicada ao tema Meio Ambiente. O relatório final do módulo Mudanças climáticas, migrações e saúde no Nordeste brasileiro já está disponível para o público no site da Face. Conheça também o estudo Economia da mudança do clima no Brasil: custos e oportunidades, que se encontra no endereço www.economiadoclima.org.br/site/#. (Com assessoria de imprensa do programa Economia do Clima)
Economia da mudança do clima no Brasil: custos e oportunidades foi financiado pelo Global Opportunity Found (GOF), com apoio da Embaixada do Reino Unido. O documento expõe impactos na agricultura, energia, migração, saúde, clima e biodiversidade do país, em cenários de alta e baixa emissão de carbono na atmosfera (A2 e B2, respectivamente), que corresponderiam a aumento das temperaturas do planeta entre 1,4° e 5,8°C , até 2100, conforme estabeleceu o relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) de 2000