Os resultados preliminares de uma pesquisa encomendada pelo Ministério da Educação a quatro universidades federais – UFMG, UFPR, UniRio e UnB – revelam avanços na oferta da educação em regime integral no Brasil. Em 2008, 1,1 milhão de estudantes frequentavam escolas com jornada ampliada e, em mais da metade delas (55,5%), o tempo escolar era igual ou superior a sete horas diárias. As principais conclusões foram divulgadas esta semana pelo MEC. Intitulado Educação integral/educação integrada e tempo Integral: Concepções, Práticas na Educação Brasileira, o levantamento cobriu escolas públicas de 5.563 municípios brasileiros, dos quais 2.122 responderam ao questionário e 500 relataram a oferta de educação integral. No documento entregue ao MEC, as instituições apontam a região Sudeste com o maior número de experiências com educação integral (37,3%). Depois, vêm as regiões Sul (23,7%), Nordeste (21,4%), Centro-Oeste (13%) e Norte (3,1%). Na classificação por estados, a pesquisa destaca o Rio de Janeiro com o maior percentual (53,1%), seguido de Ceará (41,5%) e Minas Gerais (39,6%). Com os menores índices aparecem Amazonas (2,5%), Pará (4,2%) e Tocantins (4,9%). Municípios do Acre, Amapá, Rondônia e Roraima responderam ao questionário, mas não relataram a existência de educação integral em suas escolas. Entre as atividades oferecidas pelas escolas no turno ampliado, as esportivas e culturais estão entre as preferidas. Os esportes representam 65% das experiências registradas pelos municípios. As outras atividades são aulas de reforço (61,7%), música (57,1%), dança (54%), teatro (46,4%) e informática (45,6%). UFMG no projeto A equipe agora se debruça sobre a segunda etapa do levantamento, de caráter qualitativo, com estudos de campo em municípios selecionados. Estão no foco dessa análise experiências de educação integral desenvolvidas em Santarém (PA), Palmas (TO), Caxias (MA), Castelo do Piauí (PI), além de Belo Horizonte, Juiz de Fora e Mariana, em Minas Gerais. Para a professora Lúcia Helena, é difícil estabelecer um perfil para essas experiências. “São muito diferentes. A de Belo Horizonte é voltada para o diálogo com a cidade, a de Castelo do Piauí faz parte de uma rede de proteção à infância e a de Santarém, no Pará, está articulada em torno do eixo arte-cultura-meio ambiente”, exemplifica. A expectativa da professora Lúcia Helena é de que os relatórios finais do estudo sejam finalizados até meados deste ano. Com a chancela da Universidade Aberta do Brasil (UAB), o grupo Teia ministrará em 2010 um curso a distância sobre educação integral para professores, educadores e agentes culturais. O objetivo é discutir metodologias e abordagens. “Fazer mais do mesmo não adianta. É preciso pensar outras possibilidades”, sentencia Lúcia Helena Alvarez, ao justificar a necessidade de se formular estratégias diferenciadas para o ensino em tempo ampliado.
A participação da UFMG no projeto está a cargo do grupo de pesquisa e extensão Teia (Territórios, Educação Integral e Cidadania). Formado por quatro pesquisadores e oito bolsistas, sob a coordenação da professora Lúcia Helena Alvarez Leite, da Faculdade de Educação (FaE), o grupo assumiu a aplicação dos questionários em 1.724 municípios de 10 estados – Minas Gerais, Acre, Amazônia, Rondônia, Roraima, Amapá, Pará, Tocantis, Maranhão e Piauí.
(Com informações da Assessoria de Imprensa do MEC)