A primeira turma de assentados mineiros com curso universitário cola grau nesta sexta-feira, 19. Quarenta e seis alunos de assentamentos criados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) participam da cerimônia de graduação, às 14h, na Faculdade de Educação (FaE) da UFMG, no auditório Neidson Rodrigues. Eles ingressaram em 2005 no curso de Pedagogia da Terra, fruto da parceira entre o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), UFMG, Fundep e movimentos sociais. Com a licenciatura em Educação no Campo, esses alunos poderão reproduzir seus conhecimentos atuando como professores nas comunidades de origem. A graduação foi desenvolvida por meio das metodologia 'tempo escola”, com aulas presenciais na Universidade, e 'tempo comunidade”, em que os alunos desenvolveram projetos na zona rural. Os alunos puderam optar por formação nas áreas de conhecimento de línguas, artes e literaturas, matemática, ciências da natureza, ciências sociais e humanidades. Após a experiência bem-sucedida, a Universidade adotou o curso como regular e outras turmas já estão nas salas de aula. A coordenadora da licenciatura pela UFMG, Maria Isabel Antunes Rocha, destaca o pioneirismo da licenciatura. “O Ministério da Educação (MEC) criou cerca de outros 40 cursos de Educação no Campo baseado nas experiências e desafios vivenciados pelo modelo criado para estes alunos”. Teoria com aplicação prática Para o aluno Oswaldo Samuel Costa Santos, do assentamento Darcy Ribeiro, em Capitão Enéas, no Norte do Estado, o curso concretiza o direito dos trabalhadores rurais de acesso ao ensino superior. “O Pronera abre uma grande possibilidade em áreas como educação infantil e educação de jovens e adultos, na qual atuo", ressalta ele, cujo trabalho de conclusão de curso abordou a alfabetização de adultos no acampamento Novo Paraíso. A estudante Auliane Camila do Carmo Padilha, moradora do assentamento Roseli Nunes II, em Resplendor, no Vale do Rio Doce, tratou em seu trabalho de um problema comum nas escolas do meio rural: Alfabetização em classes multiseriadas. O trabalho aborda a saga de professores obrigados alfabetizarem até cinco séries ao mesmo tempo “São cinco realidades dentro de uma sala. Éssa não é a melhor forma de ensino, mas é a única possibilidade de estudo para a maioria dos alunos do campo", argumenta Auliane. (Com a Assessoria do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária)
As monografias apresentadas pelos alunos foram desenvolvidas com temática ligada às suas próprias zonas rurais. Muitas foram desenvolvidas com fins de aplicação nos assentamentos, como os trabalhos Implantação de educação do Campo em Teófilo Otoni de Vânia Márcia Silva; A convivência com o semiárido no contexto da educação do Campo, de Decanor Nunes dos Santos; e A manifestação artística no meio rural, de Zilda Jorge da silva, entre outras.