Ao percorrer a exposição Demasiado humano, que ocupa o terceiro pavimento do Espaço TIM UFMG do Conhecimento, o visitante é guiado por uma narrativa que foi pensada como contraponto ao discurso científico ocidental, informa a professora Maria Inês de Almeida, da Faculdade de Letras da UFMG e uma das orientadoras conceituais da mostra. “Em um espaço em que são mostradas as teorias científicas sobre a origem do universo e do homem, a história da ocupação humana da Terra, a degradação ambiental e o desequilíbrio ecológico resultantes sobretudo da chamada razão moderna, quisemos colocar contrapontos filosófico e poético. Autores como Friedrich Nietzsche, Maria Gabriela Llansol e alguns sábios indígenas deram-nos este caminho”, explica. “O pensamento – e o conhecimento, por extensão – só é possível na diversidade, ou melhor, na biodiversidade. A monocultura levaria ao empobrecimento e à morte, assim como a exclusividade de uma ciência em detrimento das outras formas de conhecimento”, acrescenta. Sobre o trabalho desenvolvido por seu grupo de pesquisa, Maria Inês de Almeida comenta que o núcleo transdisciplinar Literaterras trouxe à exposição contribuições tanto para as cosmogonias quanto para a diversidade linguística. “Também utilizamos o audiovisual interativo criado por Alvaro Garcia, através do fornecimento de material resultante de nossas pesquisas com os índios e os negros”, completa.
Ao discutir a abordagem da diferença como fundamento da cultura, presente ao longo de toda a exposição, a professora explica: “o que chamamos cultura – conjunto de formas que definem seres – existe na medida em que as formas se transformam, ou seja, se deferenciam, modificam-se das outras e sobretudo de si mesmas, assim como as linguagens, por exemplo, vivem de movimento, de transformação.