Mantas de polipropileno são usadas em larga escala pela indústria química e petrolífera para absorver óleo derramado. Mas quando estão encharcadas, tornam-se um passivo ambiental perigoso. O descarte desses materiais diretamente na natureza tem alto potencial de contaminação de águas, rios, mares e lençóis freáticos. As formas de descarte mais comuns hoje, a incineração ou o coprocessamento em cimenteiras, liberam gases tóxicos no meio ambiente. Para tentar solucionar esse problema, o professor Rochel Monteiro Lago e a pesquisadora Aline Almeida da Silva Oliveira, do Departamento de Química da UFMG, desenvolveram uma tecnologia para remover o óleo usando gás carbônico supercrítico. O processo permite reaproveitar tanto as mantas como o óleo removido, configurando, assim, uma alternativa mais eficiente e ambientalmente sustentável para o tratamento de resíduo industrial. Um exemplo de uso de mantas de polipropileno é nos portos, que recebem navios com petróleo ou outros tipos de óleo combustível. Depois de os depósitos deles serem esvaziados, os petroleiros têm de ser limpos para receber nova carga de combustível. No processo de limpeza, muito óleo se espalha. É aí que entram as mantas, uma espécie de cobertor macio com alto poder absorvente, que é jogado sobre o óleo derramado. Depois de sujas, elas tornam-se inflamáveis e são consideradas resíduos classe I (perigosos). Limpeza "Nessa tecnologia, parte do custo investido na limpeza pode ser recuperado com a revenda das mantas e do óleo. Além disso, ao fim do processo, o gás carbônico volta ao estado gasoso e pode ser também reutilizado", explica Rochel Lago. Existe atualmente uma tecnologia disponível para remover o óleo das mantas. A limpeza é feita com solventes orgânicos como acetona e benzeno. A desvantagem é que essa técnica deixa resíduos nas mantas. Os pesquisadores estão concluindo o protótipo laboratorial. O próximo passo é levar a tecnologia para testes em escala industrial. Para isso, uma planta piloto será construída em parceria com a Verti Ecotecnologias, empresa nascente de base tecnológica. (Com Sebrae)
A tecnologia desenvolvida na UFMG remove o óleo com fluido supercrítico, em que o gás carbônico é submetido a temperatura e pressão acima de seu ponto crítico. Nessas condições, o fluido possui propriedades de líquido e gás, simultaneamente, aumenta o poder solvente do gás carbônico, que remove o óleo. Depois desse processo, as mantas podem ser reutilizadas. Além disso, o óleo extraído é direcionado para novo processo de refino.