Mais de 4 milhões de crianças já realizaram o teste do pezinho em Minas desde quando foi iniciada a primeira fase do Programa Estadual de Triagem Neonatal de Minas Gerais (PETN-MG), em 1993 - números que fazem com que Minas tenha o terceiro maior programa de triagem neonatal do mundo, atrás apenas de dois estados americanos. Credenciado pelo Ministério da Saúde como único serviço de referência em triagem neonatal no estado - e atendendo os 853 municípios mineiros -, o Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad) da UFMG alcançou essa marca no mês de fevereiro. O órgão, ligado à Faculdade de Medicina, é o o responsável pelo diagnóstico precoce e pelo acompanhamento às crianças com alguma das quatro doenças pesquisadas - fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme e fibrose cística -, prevenindo o surgimento de sequelas irreversíveis. Implantada em 2003, a terceira fase teve a inclusão da fibrose cística. Algumas dessas crianças foram triadas, ainda, para outras doenças - incluindo toxoplasmose, biotinidase, HTLV e hiperplasia adrenal congênita -, como parte de projetos de pesquisa desenvolvidos através do Programa. Da mesma forma, segundo o especialista, o programa ajudou a melhorar a saúde e qualidade de vida de mais de duas mil pessoas com doença falciforme e daquelas com fibrose cística, além de melhorar o conhecimento da sociedade e dos profissionais de saúde sobre as quatro doenças. Atualmente, mais de 3,7 mil pacientes são tratados e acompanhados pelo programa nas unidades públicas ou conveniadas com o Nupad, dentro dos princípios da atenção integral à saúde. Pioneirismo (Com assessoria de comunicação do Nupad)
Até 1998, os recém-nascidos no estado realizavam o teste do pezinho - indicado para o quinto dia de vida do bebê - apenas para duas doenças: hipotireoidismo congênito e fenilcetonúria. A partir de então, a doença falciforme passou a fazer parte do teste neonatal em Minas, sendo triados, também para a doença genética de maior incidência no Brasil, mais de 3 milhões de crianças até janeiro deste ano.
“Para você medir o impacto histórico da triagem, é só avaliar os números do programa. Hoje, temos mais de mil pessoas com hipotireoidismo congênito que teriam retardo mental, mas, devido ao diagnóstico precoce e tratamento adequado, são pessoas normais. Temos 270 crianças com fenilcetonúria sendo acompanhadas pelo programa, e cerca de 230 que foram triadas não têm retardo mental, mas que teriam essa condição em outra situação. Ou seja, mais de 1,2 mil crianças se livraram do retardo mental por causa do programa. Isso implica em redução dos gastos do governo e, principalmente, do sofrimento das famílias”, explicou o professor Marcos José Burle de Aguiar, vice-diretor do Nupad.
Fruto da integração entre a Secretaria de Estado da Saúde e a Faculdade de Medicina da UFMG, o Nupad foi criado em 1993 com recursos do INSS, centralizando, em apenas um laboratório, todos os testes de triagem neonatal do estado. Segundo um dos fundadores e primeiro diretor do Núcleo, o médico Otto Guimarães Mourão, o fato de estar ligado à Universidade deu maior vitalidade ao Nupad, proporcionando um crescimento coordenado de suas atividades, apesar dos recursos escassos.