A relação entre educadores e literatura não é determinada apenas pela visão e necessidades de professores e alunos. Para a escritora Ligia Cademartori, professora aposentada da Universidade de Brasília (UnB), “essa interação é influenciada por fatores econômicos, políticos e sociais”. Ligia Cadermatori é a convidada do próximo Ceale Debate, que será realizado no dia 10 de junho, às 19h30, no auditório Luiz Pompeu de Campos, na Faculdade de Educação da UFMG (avenida Antônio Carlos, 6627, Pampulha). A escritora vai proferir a palestra O professor e a literatura: discutir a relação. Segundo a professora, os educadores não adotam uma postura reflexiva sobre seu trabalho, o que faz com que se tornem vítimas das circunstâncias que lhes são impostas. Um exemplo disso, segundo Ligia Cademartori, é que eles se sentem culpados pela falta do hábito de ler dos estudantes. “Porém, eles precisam se conscientizar de que limitações econômicas, políticas, educacionais e a interferência dos pais, dentre outros fatores, também influenciam a relação dos alunos com os livros”, explica a professora. De acordo com a escritora, a ligação entre docentes e literatura é permeada por mitos. A maioria das pessoas acredita, por exemplo, que os educadores precisam, necessariamente, ser leitores vorazes de livros. Assim, eles se sentem frustrados por não acompanharem a rapidez do mercado literário e perdem de vista que seu papel em sala de aula não é o de crítico literário e, sim, de facilitador da relação: aluno e literatura. Ligia Cademartori acredita que o ensino de literatura só se tornará satisfatório, tanto para estudantes quanto para professores, quando os docentes ignorarem discursos prontos, como aqueles veiculados pela mídia, e assumirem uma postura consciente e crítica frente ao trabalho com essa disciplina. “Antigamente a escola era a responsável por gerar símbolos e conceitos acerca do mundo, porém, nas últimas décadas, esse papel passou a ser dos meios de comunicação. O problema é que os docentes ainda não reencontraram seu novo lugar nessa sociedade midiática e isso só vai acontecer a partir da reflexão.” O objetivo da conferência de Ligia Cademartori no Ceale debate é justamente propiciar um espaço para se debater esse novo lugar do ensino. Por meio de uma conversa informal, os participantes terão a oportunidade de relatar suas dificuldades e visualizar novos caminhos. Sessão de autógrafos Além de escritora, Ligia Cademartori é tradutora e integra a lista de honra do IBBY (International Board on Books for Young People) pela tradução de O naufrágio do Golden Mary, de Charles Dickens e Wilkie Collins. Também são de sua autoria os livros: A criança e a produção cultural (Mercado Aberto, 1982); O que é literatura infantil (Brasiliense, 1986); Literatura infantil: autoritarismo e emancipação (Ática, 1987); A formação do leitor: o papel das instituições (Moderna, 1994) e Literatura infantil: políticas e concepções (Autêntica, 2008). As conferências do Ceale Debate são gratuitas e abertas ao público. Não é necessário se inscrever para participar. As palestras serão transmitidas ao vivo pela Radio FaE, via internet. Para mais informações, acesse o Portal Educativo Ceale: www.ceale.fae.ufmg.br. (Assessoria de Imprensa do Ceale)
A escritora Lígia Cademartori foi a vencedora deste ano na categoria Livro Teórico do Prêmio FNLIJ - O Melhor para Criança, com a obra O professor e a literatura: para pequenos, médios e grandes. Antes de sua conferência, ela participará de uma sessão de autógrafos, que ocorrerá em frente ao auditório Luiz Pompeu de Campos, na FaE/UFMG, a partir das 19h.