A UFMG está se alinhando aos padrões de ponta na pesquisa em microscopia eletrônica. Mais um passo importante nesse sentido foi dado semana passada com o treinamento de técnicos do Centro de Microscopia da UFMG em crioultramicrotomia. A crioultramicrotomia permite a obtenção de secções ultrafinas (50 a 80 nanometros) de amostras biológicas – células ou tecidos – congeladas adequadamente para preservação da ultraestrutura celular. As secções ultrafinas são analisadas e fotografadas no microscópio eletrônico. Até então, o Centro utilizava a ultramicrotomia convencional, em que a amostra é seccionada à temperatura ambiente, após inclusão em resina. A professora Elizabeth Ribeiro da Silva, coordenadora da área de biologia do Centro de Microscopia da UFMG, explica que, com a nova técnica, obtem-se imagens da ultraestrutura celular mais próxima de seu estado natural, já que essa técnica dispensa a utilização de substâncias como álcool e acetona que extraem componentes celulares e produzem modificações na distribuição das proteínas e dos lipídios no interior das células. O treinamento no Centro de Microscopia da UFMG realizou-se na semana de 5 a 9 de julho e foi ministrado pelo biólogo holandês Hendrik Bos e pela biomédica brasileira Isabel Porto-Carrero, ambos especializados em criotécnicas e, atualmente, no Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). Para Hendrik Bos, a adoção da crioultramicrotomia significará, para a pesquisa científica em microscopia eletrônica, um salto de qualidade, na medida em que a preservação da estrutura celular permite a obtenção de dados mais confiáveis sobre a localização de macromoléculas na célula e consequente informação sobre os mecanismos envolvidos nos diferentes fenômenos ou processos celulares.