Educadores, antropólogos e integrantes da comunidade Yorubá se reúnem até domingo para discutir a importância das culturas e religiões africanas no Brasil. É o segundo Congresso Internacional da Cultura e Religião Yorubá. O evento teve início na noite de ontem, quarta-feira, 21, com reunião entre autoridades religiosas e políticas e participação do ministro da Secretaria de Políticas de Promoção e Igualdade Racial, Elói Ferreira, o que fez o congresso ser também espaço de reflexão sobre o estatuto da igualdade racial, sancionado na última terça-feira pelo presidente Lula. A rádio UFMG Educativa acompanhou a abertura do Congresso, em Nova Lima. Ouça a reportagem. Nesta quinta-feira, 22, a Faculdade de Educação da UFMG (FaE) recebeu autoridades políticas e religiosas de Brasil e Nigéria, em uma cerimônia de abertura que contou com apresentações culturais de músicos nigerianos e do coral Agbára – Vozes d’África, do Instituto de Arte e Cultura Yorùbá. As atividades começaram com as bênçãos de Àràbà Aworeni Adisa Makanranwale, líder máximo das religiões africanas Ilé-Ifè, e Mãe Beata de Iemanjá, sacerdotisa suprema dos candomblés de origem Ketu-iorubá. Os dois líderes religiosos destacaram a importância do congresso como um momento de “união entre irmãos” e uma grande oportunidade para se conhecer melhor a cultura Yorùbá. O principal organizador do evento, Olúségun Akinruli, coordenador do Instituto de Arte e Cultura Yorùbá, destacou o tema do congresso, Retorno à terra-mãe, como “uma busca por conhecer e refletir melhor sobre nossas origens”. Segundo Olú, como é popularmente conhecido, a cultura Yorùbá é um elemento formador da sociedade brasileira. “É uma cultura fortemente ligada à memória e à tradição oral, que venera os orixás (ancestrais), e chegou ao Brasil com os escravos africanos”, afirma. Questionado sobre o Estatuto de Igualdade Racial, sancionado pelo Presidente Lula na última terça-feira, dia 20, Olú afirmou que o documento deu um passo importante no sentido de valorizar os diversos cultos religiosos de origem africana praticados no país. “Foi uma ação muito positiva do Governo brasileiro, que é o mais receptivo do mundo em relação a essas questões”, defendeu. Ainda sobre o Estatuto, o representante da Fundação Cultural Palmares, Raphael Bitencourt, reforçou a importância do documento, mas lembrou que ele não abordou pontos polêmicos como as cotas para negros em universidades. “O movimento não vai desistir de lutar por esses aspectos que ficaram de fora”, afirmou. Embora especialistas apontem lacunas no documento, como a ausência de políticas públicas de educação e saúde para a população afrodescendente, o coordenador do congresso, Olú Shadnum Aquenruli, considera que o novo estatuto da igualdade racial pode contribuir para o fortalecimento dos laços entre as culturas africanas e brasileira. Para a representante do Ministério da Cultura, Aída Ferrari, a realização do 2º Congresso Internacional da Religião e Cultura Yorùbá acontece em um momento propício e vem reforçar as diretrizes do Estatuto. “O preconceito vem da desinformação”, pontuou. “Um evento como este, que informa sobre a importância da cultura Yorùbá, é um grande auxílio no combate à desigualdade racial”. Confira a programação completa para os outros dias do Congresso.