Múltiplas abordagens do cérebro e do sistema nervoso, a partir de instrumentos das ciências exatas, humanas, biológicas, das engenharias e artes, integram a grande área das neurociências, que esta semana são foco de simpósio no campus Pampulha. Com o tema central Neurociências – desafios sem fronteiras, o evento abordará, em cinco mesas-redondas, questões como interfaces cérebro-computador, avanços das neurociências e desafios da educação, as várias dimensões do transtorno bipolar, possíveis efeitos ansiolíticos e antidepressivos dos canabinoides, e ambiente enriquecido e reserva cognitiva. Três palestras, onze cursos e apresentações artísticas completam a programação. Cada uma das cinco mesas-redondas segue modelo adotado pelo evento desde a sua primeira edição, em 2007, e reúne pesquisadores da UFMG, um convidado externo – com o intuito de estabelecer diálogo com outras instituições – e um aluno do programa de pós-graduação. Cursos pré-simpósio foram realizados desde a última segunda-feira, 30 de agosto. A abertura oficial do evento acontece nesta quinta-feira, 2, às 18h, no auditório da Reitoria, seguida de palestra do geneticista Sérgio Danilo Pena, com o tema Neurogenética e Hollywood. A programação inclui duas outras palestras – nesta sexta-feira, 3, às 8h30, no auditório da Escola de Engenharia, o professor de Norberto Garcia Cairasco, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, fala sobre o tema Caracterização experimental de comorbidades neurológicas, neuropsicológicas e neuropsiquiátricas. Já no sábado, 4, às 18h30, Rafael Laboissière, do Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale (Paris), encerrará a programação científica do evento com a palestra Agarre-me se puder (mas você me agarrou quando não pôde): controle automático de perturbações reaferentes visuais no gesto de apontar. Arte “A parte artística está intimamente ligada à neurociência”, comenta a coordenadora do IV Simpósio, professora Ângela Ribeiro. Ela informa ainda que o evento será encerrado pelas apresentações Música e movimento, com a dança Introdução à pedra, executada pela fisioterapeuta e dançarina Aline Loureiro, com base na composição e execução do professor Rodolfo Caesar, do Departamento de Composição da Escola de Música da UFRJ; e 4 sketches em movimento , composta pelo mesmo professor e com percussão de Mateus Bahiense, da Escola de Música da UFMG. Mesas e temas A segunda mesa-redonda, às 14h, discutirá o tema Neurociências e agentes artificiais, com apresentação de conceitos e projetos experimentais de controle de máquinas através do pensamento e modelos artificiais que procuram mimetizar aspectos do comportamento humano ou de funções cognitivas (Leia mais aqui). A mesa seguinte, às 16h30, abordará o transtorno bipolar, fenômeno de interesse da psiquiatria e de alta prevalência na população. O tema será abordado com base em elementos dos campos da neuroimagem, da neuropsicologia e da genética. A quarta mesa-redonda, que acontece a partir das 8h30 do sábado, 4, será voltada para aspectos de ciência básica, estudos de laboratório e abordagem clínica do uso da espécie vegetal Cannabis sativa, com perspectivas de desenvolvimento de medicamentos. Também será discutida a anandamida, conhecida como “maconha do cérebro”, substância endógena que pode ter efeitos analgésicos, ansiolíticos e antidepressivos, semelhantes aos do THC, componente da Cannabis sativa (Leia mais aqui). A última mesa do evento, às 14h, abordará a produção de novos neurônios, fenômeno relevante no tratamento de doenças que envolvem neurodegeneração, com perdas cognitivas. “Artigos mostram que há células-tronco que dão origem a novos neurônios, em duas principais regiões do cérebro que têm um papel na cognição”, comenta a coordenadora do IV Simpósio, professora Ângela Ribeiro. Ela lembra que tais descobertas derrubaram o “dogma” da neurobiologia segundo o qual a neurogênese ou nascimento de novos neurônios não era possível. Leia mais sobre o 4º Simpósio de Neurociências.
Após a palestra de Sérgio Pena, na noite de abertura do simpósio, haverá duas apresentações musicais: On behalf – Clarineta Piccollo e Fita Magnética, composição e performance do professor Maurício Alves Loureiro, do Departamento de Instrumentos e Canto da Escola de Música da UFMG; e Delirium tremens – cavaquinho e eletrônica, composição e performance do professor Sérgio Freire, do Departamento de Teoria Geral de Música, também da Escola de Música da UFMG.
A primeira mesa-redonda do simpósio, às 10h desta quinta-feira, 1º, no auditório da Escola de Engenharia, enfocará avanços das neurociências e os desafios da Educação. Serão apresentados projetos como o Neuroeduca, coordenado pela professora Leonor Bezerra Guerra, do ICB, que capacita docentes da rede pública nos fundamentos biológicos do processo ensinoaprendizagem. Leia mais sobre o assunto em matérias no Boletim UFMG e aqui.