Recentemente, as modificações feitas nas avaliações, com destaque para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), provocaram mudanças na forma como as escolas trabalham o pensamento. As questões elaboradas para as provas agora cobram maior interdisciplinaridade e uma reflexão mais profunda dos alunos. Essa ênfase na interdisciplinaridade pode fazer com que muitos tenham a ideia equivocada de que só recentemente a escola passou a ter como foco ensinar os alunos a pensar. Entretanto, apesar de a valorização do pensamento realmente ser algo presente nas escolas hoje em dia, isso não quer dizer que não era almejado também em outras épocas. O que se percebe é que, ao longo da história da educação, a escola desenvolveu diferentes concepções sobre o pensar. "Antes, pensar era fazer um bom discurso, dominar uma oratória, argumentar, ler os clássicos e redigir, decorar; depois, ganha o sentido de observar, de explorar os sentidos, algo da intuição; e no século 20, começam a ser defendidos os princípios da atividade do sujeito na interação com os objetos do conhecimento e a dimensão sócio-histórica da construção do conhecimento", explica a pesquisadora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale) da UFMG, Isabel Frade, uma das editoras pedagógicas do jornal Letra A, publicado pelo Centro. Ou seja, não é que a escola não ensinava a pensar; a maneira de se fazer isso é que variou com o tempo. A edição nº 23 do jornal apresenta uma extensa discussão sobre as várias concepções de pensamento e o desenvolvimento da faculdade de pensar na escola. O artigo está acessível na página 16 da publicação no endereço: www.ceale.fae.ufmg.br/nomade/midia/docs/256/php46X5HK.pdf.