Muitos professores ainda acreditam que as ilustrações dos livros infantis são um registro textual secundário, bem menos complexo que o verbal. Uma visão equivocada, na opinião do escritor e ilustrador de livros infantis Luís Camargo, doutor em teoria e história literária pela Universidade Estadual de Campinas. O pesquisador trará essa discussão para a próxima conferência do Ceale Debate, no dia 14 de outubro, às 19h30, no auditório Neidson Rodrigues, na Faculdade de Educação (FaE) da UFMG (av. Antônio Carlos, 6627, Pampulha). A conferência intitulada Relações entre textos verbais e visuais nos livros de literatura e a formação de professores tem caráter especial, em comemoração à semana do professor, e será realizada em parceria com a Direção e o Colegiado de Pedagogia da FaE/UFMG, além do Grupo de Pesquisa do Letramento Literário (GPELL) do Ceale. O pesquisador, que é também editor de literatura infantil e juvenil da Editora FTD, acredita que o letramento literário e artístico pode ocorrer já na educação infantil, antes mesmo da alfabetização. E aponta para a necessidade de se trabalhar com referenciais que extrapolem o campo da literatura, como as imagens da pintura e da escultura. “O professor deve ser um criador de situações em que esse letramento cultural possa ocorrer”, diz. Luís Camargo vai discutir, ainda, questões referentes aos direitos da criança e do adolescente. Segundo o professor, não basta apresentar aos alunos as obras clássicas e mais reconhecidas mundialmente. A escola precisa também respeitar a cultura que cada criança leva para a sala de aula, ou seja, a cultura de sua comunidade. “O professor tem que estar atento para perceber se em sua sala há descendentes de indígenas ou afrobrasileiros e propiciar o conhecimento e a valorização dessas tradições culturais.” As conferências do Ceale Debate são gratuitas e abertas ao público. As palestras são transmitidas, ao vivo, pela Radio FaE, via internet. Mais informações: www.ceale.fae.ufmg.br. (Assessoria de Imprensa do Ceale)
“Eu proponho uma ruptura com a ideia de que a leitura da imagem é um processo menor. O livro infantil é suporte para um texto que é composto por duas linguagens diferentes e igualmente complexas: a verbal e a visual”, defende Luís Camargo. Para ele, entender que o registro visual é, assim como o verbal, um processo cultural e cognitivo abre a possibilidade de se falar em letramento literário e artístico. “Não há motivos para que o letramento fique restrito à palavra. Pode-se trabalhar, por exemplo, com imagens e músicas”, afirma.