Série de exposições etnográficas no Museu do Índio, no Rio de Janeiro, apresenta até 14 de novembro a exposição Índio no Museu: Maxacali, com sons e cantos do grupo Maxacali. O evento tem curadoria da professora Rosângela de Tugny, da Escola de Música, e participação do professor Rogério Vasconcellos, da mesma unidade. A produção teve participação de integrantes das comunidades indígenas, que contribuíram, por exemplo, na edição de filmes dos rituais, exibidos em um dos espaços. Em outra sala, Rogério fez o que a curadora chama de “espacialização dos cantos”, com o objetivo de criar uma noção das escutas xamânicas, com as distinções entre as vozes ouvidas pelos índios. Vasconcellos transformou eletronicamente alguns dos cantos, usando o computador para criar colagem sonora. O computador controla também a espacialização do som. Segundo ele, nas aldeias, os índios se deslocam, cantam ao longe, se aproximam, se afastam. O trabalho buscou resgatar essa dimensão do movimento dos sons e do espaço. No jardim do Museu, localizado no bairro de Botafogo, instalações mostram cantos Maxacali sobre lugares que os humanos não poderiam conhecer, como o ambiente habitado pelas minhocas. Conceitos em vez de objetos Pesquisadora dos cantos Maxacali, Rosângela editou recentemente dois livros sobre o assunto (Cantos e histórias do morcego-espírito e Cantos e histórias do gavião-espírito). A exposição será inaugurada em 7 de dezembro no Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte, onde vai integrar a programação de um seminário sobre direitos humanos. Mais informações e imagens em www.museudoindio.gov.br.
Segundo Rosângela de Tugny, a exposição colocou “um desafio peculiar: apresentar conceitos em vez de objetos, mostrar a força dos rituais e a forma com os índios lidam com os espíritos”.