Juliana Martins |
Resgatar as memórias de uma profissão em extinção, entender os processos de adaptação e valorizar um ofício obsoleto para os dias atuais, mas reconhecido desde Johann Gutenberg, são alguns dos objetivos do Encontro dos Tipógrafos de Belo Horizonte. O evento, promovido pelo Centro Cultural UFMG em parceria com a Memória Gráfica, será realizado neste sábado, 11 de dezembro e faz parte do projeto Memórias dos ofícios, cujo objetivo é fazer um resgate de profissões em extinção. Segundo a produtora Juliana de Sousa Martins, participarão do evento tipógrafos, designers e mais alguns profissionais convidados. Na primeira parte do encontro, eles serão levados à sala onde funcionará o Museu Vivo, que abriga várias máquinas tipográficas e tipos móveis doados ao Centro Cultural. Em seguida, haverá um café da manhã e uma mesa de conversa com algumas apresentações, entre elas a exibição do vídeo Ofício das Palavras e mostras de trabalho pela Memória Gráfica e pela UEMG. Um dos participantes do encontro, o tipógrafo Marcos Souza, diz que, embora a tipografia não tenha mais espaço no mercado – uma vez que as máquinas tipográficas já foram substituídas por computadores e impressoras –, ela ainda existe como uma produção artística. “O compromisso desse ofício atualmente não é com a rapidez e a perfeição, mas com um resultado único, com uma identidade”, conta. Ademir Matias, um dos únicos tipógrafos de Belo Horizonte que permaneceu na profissão, conta que aprendeu o ofício com o pai quando era criança e confirma que hoje a procura é muito menor. “Com o tempo a busca por esse trabalho foi diminuindo, mas as pessoas ainda procuram pelo caráter artístico e também para ter um resultado diferente da impressão comum”, afirma o tipógrafo, que além de fazer convites de casamento, receituários e cartões de visita, realiza workshops. Ofício das Palavras Museu Vivo Memória Gráfica
O vídeo que será apresentado durante o encontro foi feito através de entrevistas com os tipógrafos de Belo Horizonte e retrata um pouco da profissão. A obra foi premiada pelo "Concurso de Vídeos Científicos e Culturais” realizado pela UFMG durante a semana Conhecimento e Cultura e está disponível no UFMG Tube.
O projeto, que ainda está sendo elaborado, pretende ‘manter viva’ a tipografia através de oficinas e trabalhos realizados no Centro Cultural.
É uma organização não governamental que visa à formação para o desenvolvimento humano através de trabalhos com jovens em risco e/ou em conflito com a lei. Utilizando máquinas tipográficas que pertenciam à antiga gráfica da Fundação Estadual do Bem-estar do Menor (Febem),a organização realiza oficinas que resultam em produtos artísticos feitos pelos próprios jovens.