Arquivo Sarah Hissa |
A equipe de professores e estudantes de pós-graduação da UFMG, que partiu no dia 2 de janeiro para a Antártica, já está na ilha de Livingston, onde permanecerá acampada durante 25 dias em trabalho de campo. Comandado pelo professor e antropólogo Andrés Zarankin, o grupo da UFMG pretende, a partir de pesquisas arqueológicas e antropológicas, identificar as estratégias humanas de ocupação do território antártico a partir do século 18. É a segunda expedição de uma equipe da UFMG ao chamado “continente gelado”. Mais de 20 viagens de helicóptero foram realizadas nesta segunda-feira para levar o material do navio Almirante Maximiano, da Marinha Brasileira, até a ilha. O trabalho de desembarque durou cerca de seis horas em meio a uma temperatura de 0ºC. “O grupo está bastante animado com o início do trabalho de campo. É a razão de estarmos aqui. O período que passamos no navio é parte dessa experiência, mas a etapa do acampamento e do trabalho nos sítios arqueológicos é certamente a mais desafiadora”, relata a mestranda do Programa em Antropologia da UFMG Sarah Hissa, que tem enviado, por email, relatos da viagem para os veículos de comunicação da UFMG. Alarme falso A maioria dos integrantes da equipe sofreu os efeitos das turbulências – “ficamos mareados” - e a tripulação ainda se assustou com uma suspeita de incêndio na casa de máquinas do navio. “Tivemos que nos juntar na Praça D'Armas, para qualquer eventualidade. Felizmente, foi um alarme falso. A fumaça constatada não fora provocada por incêndio”, contou Sarah. A expedição O grupo vai trabalhar na escavação de dois sítios arqueológicos na costa norte da Península de Byers. Na primeira expedição, realizada no início de 2010 na porção a oeste da costa sul da mesma península, os pesquisadores escavaram dois sítios arqueológicos (Sealer 3 e Sealer 4), identificaram um novo sítio (Praia Sul 2) e avaliou as condições de preservação de vários sítios descobertos em expedições anteriores. Ao mesmo tempo, os antropólogos do projeto coletaram dados em campo em parceria com especialistas em etnografia antártica. Uma logística especial foi preparada para oferecer suporte aos trabalhos. A equipe terá o acompanhamento de um alpinista, que cuidará de sua segurança, usará barracas individuais de nylon, dois geradores de eletricidade e um fogão. Os pesquisadores ficarão isolados em Livingston, mas se valerão de um rádio para comunicação permanente com a base Antártica Brasileira, na ilha Rei George, com os outros acampamentos brasileiros no arquipélago e com os navios polares da Marinha. O retorno a Belo Horizonte está previsto para 15 de fevereiro.
O grupo embarcou em Punta Arenas, no Chile, na madrugada de 2 de janeiro, e chegou à ilha Rei George, onde fica a base brasileira na Antártica, cinco dias depois. Segundo relato de Sarah Hissa, a travessia não foi das mais tranquilas. “Atravessamos o mar Drake, uma passagem especialmente difícil, em meio a ondas de cinco metros de altura. Várias embarcações já naufragaram em suas águas”, comentou a antropóloga.
Com participação de acadêmicos da Argentina e do Chile, o projeto Paisagens em Branco, Arqueologia Histórica na Antártica é financiado pelo CNPq e Fapemig e recebe apoio logístico da Marinha Brasileira e do Programa Antártico Brasileiro (Proantar). Os estudos abordarão desde os grupos foqueiros-baleeiros que começaram a ocupação do continente antártico até as pesquisas científicas recentes na região.