Aderlize Martins e Julia Valle, ex-alunas da UFMG, estão entre os 10 jovens estilistas cujas coleções abriram oficialmente o Fashion Rio Outono/Inverno 2011. A oportunidade surgiu por meio da 13ª edição do Prêmio Rio Moda Hype, concurso do qual participaram estilistas de todo o país. O desfile aconteceu no dia 10 de janeiro, no Píer Mauá. Duplicidades, espelhamentos e simetrias são os principais traços da coleção de Aderlize Martins. De acordo com ela, ideia surgiu a partir do imaginário pautado em duplos, como o par perfeito, o clone humano ou os avatares. “Quando o filme 'Avatar' foi lançado, fiquei muito entusiasmada, pois já estava desenhando as primeiras peças da coleção”, comenta Aderlize. Sua principal referência é a obra do artista argentino Jorge Macchi. Os conceitos se evidenciam na modelagem das peças, que podem ser reconstruídas através da duplicação ou inversão do uso tradicional. "Dois casacos se fundem e criam um vestido”, exemplifica Aderlize. Para isso, seus looks abusam de zíperes, botões e até de recursos não tradicionais, como fechamento de imãs, engates de mochilas e objetos de papelaria. De acordo com a estilista, a alfaiataria e a moda esportiva fundem-se em roupas alinhadas e autoajustáveis, “assim como a obra de Macchi que promove delicadas fusões entre objetos distintos, como uma agenda telefônica e uma piscina". Aderlize Martins tem 31 anos e fundou a marca Sampler junto com seu marido, Daniel Escobar. Graduada em Estilismo e Modelagem do Vestuário pela UFMG, ela afirma que foi durante a disciplina Planejamento de Coleção, ministrada pela professora Verusca Lages durante o curso, que surgiram os primeiros esboços do que hoje é a Sampler. “Fico muito satisfeita em pensar que tudo isso que agora começa a ganhar corpo teve início durante uma disciplina”, comenta. Fotos da coleção estão disponíveis no site Fashion Forward. Os truques de modelagem e o vídeo do desfile podem ser acessados pelo próprio site da marca. Emaranhado As formas utilizadas como modelagem para as peças são determinadas pelos movimentos traçados no processo de escrita das palavras. "Cada roupa foi construída a partir de uma palavra ou de uma frase. Elas possuem uma carga que é só sua, a expressão física de um valor abstrato, um sentimento”, explica Julia. A estilista aponta também a urbanidade, temática desta edição Rio Moda Hype, presente na mistura de elementos. Assim como uma cidade abriga todo tipo de pessoas, construções, terrenos e sons, as peças e a joalheria são construídas a a partir de diversas matérias-primas, como seda, lã, algodão, couro, metal, pérola e as próprias peças da máquina de escrever, entre outras. Julia Valle diz que foca suas criações na modelagem e que nem sempre desenha croquis das peças. “Quero terminar a peça rapidamente para saber o que aquela forma que estava no papel vai virar quando for tridimensionalizada”, comenta. Para ela, a graduação na UFMG foi importante na sua carreira. Embora graduada em Comunicação Social, a flexibilização curricular proporcionada pelo curso permitiu que os seus projetos acabassem direcionados para a área de moda. Aos 27 anos, Julia Valle também é estilista pela Designskolen Kolding, da Dinamarca. O vídeo do desfile está disponível no youtube. As fotos da coleção podem ser visualizadas no site Fashion Forward. Rio Moda Hype Lançado em 2004, o concurso Rio Moda Hype recebe inscrições pela internet e reúne estilistas de todo o país. Nesta edição, a passarela teve mais de 100 looks sob a temática Fashion Fantasy, em que a imaginação dos estilistas, mesclada às referências estéticas urbanas, simulou novas realidades com inspirações vindas de outros mundos e épocas. Para outras informações acesse o site do evento.
Uma máquina de escrever Smith Corona, dos anos 50, inspirou as criações de Julia Valle, reunidas em torno de TNWMLC. A máquina foi fragmentada para dar origem aos acessórios da coleção, mas essa foi apenas uma das relações entre as peças e a escrita. O próprio título foi escolhido pelo lay-out criado através do teclado, uma das centenas de disposições que os botões permitem. TNWMLC é um emaranhado de letras que gera desconforto no processo de digitação, ao contrário, por exemplo, de DVORAK, cuja disposição é simples e comum.