O filme A Marselhesa, de Jean Renoir, inaugura hoje (terça, 1º de fevereiro) a mostra Cinema e Revolução, promovida pelo Centro Cultural UFMG. A curadoria é do professor João Antônio de Paula, pró-reitor de extensão da Universidade. O professor João Antônio ressalta que pode ser questionável o conceito de revolução que norteou a escolha dos filmes. “Sabemos o quanto certas revoluções, movidas por genuína motivação emancipatória, degeneram em opressão, manipulação e alienação. De todo modo, não se deve subestimar a extraordinária mobilização de criatividade presente nas revoluções que, sobretudo, são decisivas apostas na capacidade da humanidade de se autorrealizar em liberdade e igualdade”, ele explica. Os filmes estão agrupados em três blocos: o primeiro reúne A Marselhesa, de Renoir, sobre a Revolução Francesa; Queimada, de Gillo Pontecorvo, que evoca a revolução dos escravos no Haiti, no final do século 18 e início do 19; e Os companheiros, de Mário Monicelli, clássico sobre as lutas operárias europeias do final do século 19 e início do 20. O segundo bloco será aberto com O encouraçado Potemkin, de Eisenstein, que registra episódio da Revolução Russa de 1905; e segue com O fim de São Petersburgo, de Pudovkin, sobre a Revolução Russa de 1917, e O homem da câmera, de Dziga Vertov, "extraordinária e inovadora experiência de cinema documental", nas palavras do curador. Finalmente, o terceiro bloco traz dois filmes brasileiros: Deus e o diabo na terra do Sol, de Glauber Rocha, e Cabra marcado para morrer, de Eduardo Coutinho, que para João Antônio de Paula são “decisivos representantes do cinema que, no Brasil, foi revolucionário pela forma e pelo conteúdo”. O projeto Cinecentro tem entrada gratuita, com sessões às terças e quintas-feiras, às 19h. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (31) 3409-1091. Conheça a programação e as sinopses dos filmes: Terça, 1 – A Marselhesa (La Marseillaise), de Jean Renoir, 1937 Com Pierre Renoir, Lise Delamare, Léon Larive e outros Obra-prima do mestre Jean Renoir, diretor de A grande ilusão e A regra do jogo. Baseado em minuciosa pesquisa de documentos da época, Renoir realizou um filme apaixonante sobre momentos chaves da Revolução Francesa, da queda da Bastilha em 1789 à queda do rei Luis XVI, em 1793, passando pela criação e divulgação do hino nacional francês, La Marseillaise. Com Marlon Brando, Evaristo Márquez, Norman Hill, Renato Salvatori No século 19, um representante inglês é enviado para uma ilha do Caribe que se encontra sob domínio português, para incentivar uma revolta e favorecer os negócios da Coroa britânica. Dez anos depois ele retorna, para depor quem havia colocado no poder, pois o momento econômico exige novo quadro político na região. Com Marcello Mastroianni, Renato Salvatori, Annie Girardot, Bernard Blier e outros Mastroianni é o professor Sinigaglia. Desempregado, ele visita um amigo na cidade de Turim e, lá, ajuda a organizar uma união de trabalhadores numa fábrica. Com Konstantin Feldman, N. Poltavseva, Aleksandr Levshin, Mikhail Gomorov e outros Em 1905, na Rússia czarista, um levante pressagiou a Revolução de 1917. Tudo começou no navio de guerra Potemkin, quando os marinheiros estavam cansados de serem maltratados – até carne estragada lhes era dada com o aval do médico de bordo. Alguns marinheiros se recusam a comer a carne, e os oficiais do navio ordenam sua execução. A tensão aumenta e a situação vai saindo do controle. Logo depois de apertados os gatilhos, Vakulinchuk, um marinheiro, grita para os soldados e pede para eles pensarem e decidirem se estão com os oficiais ou com os subordinados. Os soldados hesitam e então abaixam suas armas. Louco de ódio, um oficial tenta agarrar um dos rifles e provoca uma revolta no navio, na qual um marinheiro é morto. Era apenas o início de uma grande tragédia. (www.adorocinema.com.br) 80 minutos – Rússia Com Vera Baranovskaya, Aleksandr Chistyakov, Ivan Chuvelyov, Aleksei Davor e outros Um camponês vai para São Petersburgo à procura de trabalho. Sem intenção, ele acaba ajudando na prisão de um antigo amigo de seu vilarejo natal, que agora é líder sindical. Mais tarde, o camponês também é preso e enviado para lutar na Primeira Guerra Mundial. Quando retorna, três anos depois, está pronto para participar da revolução. (www.adorocinema.com.br) 80 minutos – Rússia Cinegrafista viaja documentando a União Soviética do começo do século 20, mostrando cenas urbanas, do cotidiano e da intimidade de seus cidadãos. (www.melhoresfilmes.com.br) 125 minutos – Brasil Elenco: Yoná Magalhães, Othon Bastos, Maurício do Valle, Geraldo Del Rey, Milton Roda e outros Manuel (Geraldo Del Rey) é um vaqueiro que se revolta contra a exploração imposta pelo coronel Moraes (Milton Roda) e acaba matando-o numa briga. Ele passa a ser perseguido por jagunços, o que faz com que fuja com sua esposa Rosa (Yoná Magalhães). O casal se junta aos seguidores do beato Sebastião (Lídio Silva), que promete o fim do sofrimento através do retorno a um catolicismo místico e ritual. Porém, ao presenciar a morte de uma criança, Rosa mata o beato. Simultaneamente, Antônio das Mortes (Maurício do Valle), matador de aluguel a serviço da Igreja Católica e dos latifundiários da região, extermina os seguidores do beato. (www.adorocinema.com.br) 119 minutos – Brasil Filme semidocumental sobre a vida de João Pedro Teixeira, líder camponês paraibano assassinado em 1962. A produção foi interrompida em 1964 e retomada 17 anos depois com novos depoimentos de camponeses que trabalharam na primeira filmagem e de outros personagens importantes. (www.melhoresfilmes.com.br)
Segundo o curador, a palavra “revolução” no título faz referência tanto a filmes que abordam revoluções, quanto a filmes que, além de ter esses eventos como tema, são eles mesmos revolucionários com relação à linguagem cinematográfica.
135 minutos – França
Com humanismo, vivacidade e talento, Renoir dá lição de como retratar a história no cinema. A obra merece lugar entre os melhores filmes sobre a Revolução Francesa, ao lado de Danton, o processo da Revolução, Casanova e a Revolução, A inglesa e o duque, entre outros.
(www.2001video.com.br)
Quinta, 3 – Queimada (Quemada!), de Gillo Pontecorvo, 1969
112 minutos – França/Itália
(www.adoro cinema.com.br)
Terça, 8 – Os companheiros (I Compagni), de Mario Monicelli, 1963
126 minutos – Iugoslávia/França/Itália
Quinta, 10 – O encouraçado Potemkin (Bronenosets Potyomkin), de Sergei Eisenstein, 1925
75 minutos – Rússia
Terça, 15 – O fim de São Petersburgo (Konets Sankt-Peterburga), de V. Pudovkin, 1927
Quinta, 17 – O homem da câmera (Chelovek s Kinoapparatom), de Dziga Vertov, 1929
Terça, 22 – Deus e o diabo na terra do Sol, de Glauber Rocha, 1964
Quinta, 24 – Cabra marcado para morrer, de Eduardo Coutinho, 1964-1984