O poeta carioca Chacal se apresenta esta manhã (terça, 7, às 10h30) no auditório da reitoria, como parte do ciclo de conferências Sentimentos do Mundo. Após a performance, ele lançará dois livros – Uma história à margem (de poemas e histórias de sua trajetória artística) e Belvedere (poesia reunida). O recital integra o conjunto de eventos Marginália e experimentação: a poesia marginal e o movimento estudantil. Também após a apresentação de Chacal, será aberta, no saguão do prédio da reitoria, exposição sobre as relações entre a poesia marginal e o movimento de estudantes, especialmente nos anos 1970 e 80. Às 19h30, no Espaço Tim UFMG do Conhecimento, Chacal participa de mesa-redonda com os poetas mineiros Ricardo Aleixo e Marcelo Dolabela, além da professora da UFMG Heloisa Starling. O tema do debate é Movimento estudantil e poesia marginal. Finalmente, no dia 22 de junho, às 10h30, também no auditório da reitoria da UFMG, Marcelo Dolabela e Ricardo Aleixo realizam performances poéticas. Debate Na avaliação de Marcelo Dolabela, referência mineira da poesia marginal, com 50 livros publicados, 48 de forma independente, a hora será de colocar na balança poesia e movimento estudantil. Para começar essa pesagem, ele adianta que a poesia marginal nunca saiu de cena já que impregnou a cultura de forma definitiva. “Podemos ver seus traços no teatro, em músicas do Pato Fu ou em textos de jornalistas da área cultural de Belo Horizonte”, exemplifica, lembrando que esse gênero de fazer poético visita a Praça da Liberdade, onde nunca pode entrar nos anos 1970. Considerado por Dolabela um poeta atuante, que conhece a poesia marginal a fundo, Ricardo Aleixo diz que, na época, o gênero não o atraía por causa da despretensão com o rigor estético e do excesso de espontaneidade. Ele reconhece também a força de contestação da poesia marginal e menciona a ideia de composição quase coletiva, que não destacava cada poeta individualmente. “Acho mesmo que esse tratamento adotado pelos poetas era uma estratégia para desmontar a lógica do destaque presente, por exemplo, na poesia modernista”, analisa. Pelo fato de não ter participado nem do movimento estudantil nem da poesia marginal, Ricardo Aleixo brinca dizendo que vai para o debate como “franco-atirador”. Exposição O objetivo é resgatar os múltiplos vínculos entre ambas as formas de experimentação e de atividades marginais. Vitrines e projeções digitais vão exibir material gráfico como cartas, programas de chapas de DCEs e DAs, livros, jornais e revistas produzidos no período pelos estudantes militantes e pelos poetas. A primeira edição de 2011 do Ciclo de Conferências Sentimentos do Mundo, em abril, também explorou o universo da literatura, com a participação da psicanalista e escritora Maria Rita Kehl. Desde 2007, ano em que a UFMG celebrou 80 anos, a Universidade realiza conferências com intelectuais brasileiros e estrangeiros, de várias áreas do conhecimento. O Sentimentos do Mundo já recebeu, entre outros, os cantores Maria Bethânia, Arnaldo Antunes, o escritor moçambicano Mia Couto e os cineastas David Lynch e Manoel de Oliveira. Também já se apresentaram na programação do Sentimentos do Mundo os grupos artísticos Corpo, Giramundo, Galpão, Uakti e a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Outras informações estão disponíveis no site www.ufmg.br/sentimentosdomundo. Leia mais sobre os eventos em matéria do Boletim UFMG. (Com Assessoria de Imprensa da UFMG)
Para Chacal, o debate será oportunidade de falar sobre o assunto sem a paixão, às vezes bélica, que dominava os poetas nos primeiros tempos. “Éramos considerados alienados e porra-loucas tanto pela direita quanto pela esquerda”, lembra. Um dos grandes nomes da poesia marginal – lançou seu primeiro livro, em mimeógrafo, em 1971 –, ele acha que o encontro na Praça da Liberdade poderá servir para cutucar a juventude atual que, na opinião dele, é alienada e consumista. (Leia entrevista do poeta na edição desta semana do Boletim UFMG.)
Realizada em parceria com o Projeto República da UFMG, a exposição é o embrião de um livro que será lançado em 2012 sobre o movimento estudantil na UFMG entre 1974 e 1984. A mostra fica até dia 22 de junho e poderá ser visitada de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Será exibido material do movimento estudantil da UFMG no período 1974-1984 e da produção poética do período.