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'Éramos utópicos e não sabíamos', diz o poeta Chacal

terça-feira, 7 de junho de 2011, às 6h50

Sessenta anos de idade, quatro décadas de poesia e 14 livros publicados, Ricardo de Carvalho Duarte, o Chacal, publicou o primeiro livro em mimeógrafo em 1971. Dois anos depois, descobriu, fascinado, o poder da oralidade da poesia ao assistir, em Londres, a uma performance de Allen Ginsberg. Saiu por aí com o grupo Nuvem Cigana, participou do grupo de teatro Asdrúbal Trouxe o Trombone e da fundação do Circo Voador, no Rio. Produz eventos e publicações que misturam linguagens e já perdeu a conta de quantos artistas ajudou a revelar.

Sua trajetória artística está registrada no livro Uma história à margem, que será lançado na UFMG, e no blog www.umahistoriaamargem.blogspot.com. Na manhã desta terça-feira, 7, às 10h30, ele oferece performance no auditório da Reitoria. O evento é aberto ao público e integra o projeto Sentimentos do Mundo, da Universidade.

Nesta entrevista ao Boletim UFMG, ele fala de sua atuação na música, dos projetos que coordena, da poesia marginal, que define como um “saco de gatos”, e dos aspectos que a aproximavam e daqueles que a distanciavam do movimento estudantil.

O que foi a poesia marginal?
A poesia marginal se define pelo “não”. O que é sintomático, já que ela foi parida na contracultura. Era a poesia que não era a concreta nem era de forma fixa ou neoparnasiana, como a da geração de 45, nem era a explicitamente engajada como a do CPC (Centro Popular de Cultura). Classificá-la como coloquial pode ser também característica do primeiro modernismo. E ser publicada e distribuída de forma não oficial é comum aos primeiros livros de vários autores e períodos. A poesia marginal é um saco de gatos. Todos que escreviam versos livres nos anos 70 podem ser incorporados ao grupo. Creio que nos anos 70 apareceram bons poetas que expressaram pela primeira vez, com seus versos, seu corpo e sua voz, a beleza trágica dessa sociedade de massas, desse mundo do consumo exacerbado.

Como a academia reagiu a essa poesia?

A academia nunca soube ler a poesia desse período. Não soube perceber que ela não estava só no papel. Que era acima de tudo espetáculo. Que era a vida eletrificada. A academia reclamava que não tínhamos diálogo com a tradição. Mas nós tínhamos um pacto com a revolução. A poesia dos anos 70 foi reconhecida pelas pessoas comuns, pela rapaziada, pessoas não especializadas, não diferenciadas.

Como você se envolveu na resistência política?
Fazendo e falando poesia.

E a relação entre a poesia marginal e o movimento estudantil?

Ambos tinham o mesmo desejo de mudar o mundo, de se atirar no impossível, de acreditar. A diferença estava no caminho de cada uma. A poesia marginal acreditava na viagem psicodélica, em novas formas de perceber o mundo e em mudar as instituições. E o movimento estudantil em chegar ao poder político através da luta armada. Éramos utópicos e não sabíamos.


E você continua coordenando projetos artísticos...

Atualmente faço o Centro de Experimentação Poética – CEP 20.000, que vem desde 1990. É um sarau multimídia mensal, com apoio da Prefeitura do Rio, espaço-porto para muitos artistas alçarem seu primeiro voo. Além disso, coordeno oficina de poesia e performance numa biblioteca municipal em Botafogo, no Rio. O grupo se apresentou pela primeira vez no CEP no último mês. Fiz em janeiro, junto com Heloísa Buarque de Hollanda, um evento chamado A Palavra Toda, com os vários suportes da palavra: ela encenada, falada, cantada etc. Participaram Chico Alvim, Armando Freitas Filho, Carlito Azevedo, Alice Sant’anna, Charles Peixoto, Gregório Duvivier, entre mais de 50 poetas, atrizes, rappers e cantores.

Com relação à sua trajetória de poeta, pode-se falar em fases ou projetos?

Nunca coloquei a forma antes do poema. Acho que nascem juntos. Isso me deu certa liberdade para navegar em várias linhas desde que comecei. Creio que o tempo me deu mais fôlego para trabalhar o poema e pensar em sua forma de apresentação ao vivo, que é o que me atrai mais.

Você foi parceiro de músicos como Jards Macalé, Moraes Moreira e o pessoal da Blitz. O que isso significou para você?

A música é a fala dos deuses. Mas infelizmente foi cooptada pela indústria cultural e serve de narcótico para apaziguar nossa fúria. Não me adaptei a isso: homens de gravadoras, direitos autorais etc. A poesia não é pura. Mas também não é puta.

O que muda para a poesia com os recursos digitais?

Muda tudo. Já minou a indústria musical e tende a mudar muito a poética. Acho que em médio e longo prazos, teremos criadores em vez de poetas, músicos, dançarinos ou artistas plásticos. A digitalização dá uma unidade às linguagens artísticas e possibilita sua integração, que já é uma coisa natural. Afinal percebemos o mundo com todos os sentidos simultaneamente.

(Boletim UFMG, edição 1741 - siga o twitter da publicação)

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