Universidade Federal de Minas Gerais

Fotos: Foca Lisboa
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Dorila Piló Veloso vai falar sobre Marie Curie

Palestras e apresentação musical marcam Dia do Químico na UFMG; leia entrevista de Dorila Piló Veloso

sexta-feira, 17 de junho de 2011, às 9h00

Para marcar o Dia do Químico, que se comemora em 18 de junho, o Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas (Icex) realiza, nesta sexta-feira, 17, às 14h, seminário com o tema Mulheres na Química e promove apresentação especial de piano e canto lírico, com peças do compositor e químico russo Aleksandr Porfirevich Borodin.

O tema do seminário será abordado pelas professoras Dorila Piló Veloso (UFMG) e Marília Oliveira Fonseca Goulart (Universidade Federal de Alagoas). Já a apresentação cultural ficará a cargo das professoras da Escola de Música da UFMG Margarida Borghoff (pianista) e Luciana Monteiro (cantora lírica). Às 16h15 haverá descerramento de placa em homenagem aos ex-chefes do Departamento.

Convidada para falar sobre a cientista Marie Curie, cujo centenário do segundo Prêmio Nobel de Química deu ensejo à definição de 2011 como Ano Internacional da Química, Dorila Piló Veloso explica que vai abordar a presença de Curie em Belo Horizonte, no ano de 1926.

“Vou falar para químicos, e os feitos dela são bastante conhecidos – trabalhou com a radioatividade, o rádio e depois se dedicou à aplicação da radioatividade para o tratamento do câncer, tendo inclusive sido a primeira diretora do Instituto de Rádio de Paris. Por isso vou me deter na visita que ela fez a Belo Horizonte para conhecer o Hospital do Rádio, à época conhecido como o primeiro e único da América Latina", antecipa.

Dorila lembra que o Hospital do Rádio localizava-se no prédio onde hoje funciona o hospital Borges da Costa, dentro do complexo do Hospital das Clínicas da UFMG. “O professor Borges da Costa tinha muitos contatos na França, era reconhecido na área, e por causa dele o Instituto do Rádio da América Latina veio a ser instalado na capital mineira”, comenta a professora.

Ela própria destaque na Química brasileira, em entrevista ao Portal UFMG Dorila Piló Veloso fala sobre sua trajetória e seu amor pela Química.

Qual o papel das mulheres brasileiras na Química?
As mulheres ainda não são maioria, nem como pesquisadoras do CNPq, mas já são bastante numerosas e ativas. Assim como em outras áreas, a mulher assumiu um papel importante na sociedade e mostrou que não é menos inteligente que os homens. A Sociedade Brasileira de Química (SBQ) discutiu, em sua revista Química Nova, a importância das mulheres na Química no Brasil.

Em evento recente, a SBQ convidou quatro pesquisadoras brasileiras, três das quais ligadas à UFMG, para prestar homenagem a mulheres vencedoras do prêmio Nobel, e o nome da sra. foi um dos escolhidos, por seu destaque na Química...
Sim, a homenagem foi feita a Irene-Joliot Curie, a Marie Curie, a Dorothy Crowfoot Hodgkin e a Ada E. Yonath. Já as brasileiras escolhidas para prestar essa homenagem foram Maria Domingues Vargas, graduada em Química, na UFMG, em 1979; Marilia Oliveira Fonseca Goulart, graduada em Farmácia e doutora pelo Departamento de Química da UFMG; e Anita Jocelyne Marsaioli, graduada em Engenharia Quimica pela Universidade Federal do Parana; e nós. Poderiam ter sido outras quatro, mas nos escolheram. Ficamos muito orgulhosas.

Como surgiu seu amor pela Química?
Sempre achei a Química muito bonita – eu era interessadíssima em entender certos fenômenos, como a transformação da matéria, vim para a Química por isso. E também porque tive professores excelentes, e o professor do curso científico tem um papel muito importante na escolha dos jovens. Minha primeira aula de Química foi belíssima, o professor fazia uma comparação do átomo com o sistema solar, com o universo. Isso me encantou e decidi que queria fazer Química. Era o professor Abdênego Lisboa, pai de Apolo Heringer, atualmente professor da UFMG. Nunca me esqueci dele, daquela linda aula. Depois tive outros professores maravilhosos, como Maria Luiza Tupinambá e Eládio Pimentel.
Meu gosto pela Química foi despertado nessa época.

Quais são na Química as áreas em que a sra. trabalha?
Trabalho com química orgânica, com estudo fitoquímico de plantas medicinais – não faço a parte de testes, faço a parte de química e com isso tenho associação com o pessoal do ICB, que faz os testes para nós; tenho trabalhado muito com ressonância magnética nuclear (RMN), para determinar a estrutura das substâncias. Atualmente minha linha principal tem sido com biomoléculas – estudo da estrutura de peptídeos, extraídos da fauna brasileira, e já trabalhei muito com química da madeira. A RMN permeia tudo, pois serve para determinar a estrutura das substâncias em todas essas áreas, seja no estudo da madeira, seja nos peptídeos das biomoléculas, seja das plantas medicinais.

Essas áreas têm um ponto em comum, porque o que se quer é estudar a relação de estrutura e atividade – tanto nas plantas medicinais quanto nas biomoléculas dos peptídeos. Nas plantas medicinais, o objetivo é descobrir o princípio ativo, a sua estrutura e seu modo de ação. Do ponto de vista dos peptídeos, é a mesma coisa: precisamos sintetizar, para estudar as estruturas e como eles interagem no meio, porque dependendo da conformação que adotam no meio, têm seu modo de ação estabelecido. É importante conhecer o modo de ação, para alcançar uma aplicação como um fármaco ou alguma coisa assim, tanto os oriundos das plantas quanto os oriundos da pele do sapo, com o qual trabalhamos.

Na química da madeira, também é muito interessante conhecer os contaminantes da celulose – trabalhei muito com a lignina – que são responsáveis às vezes pelo amarelecimento do papel. Há métodos de tratar a celulose, para não deixar poluentes, daí a importância de entender também a estrutura dos resíduos após o tratamento. Eu sempre fiz a parte de pesquisa básica, embora hoje não se possa separar a pesquisa básica da pesquisa aplicada, porque uma está intrinsecamente ligada à outra. Se não conhecemos profundamente o comportamento da matéria, não podemos aplicá-la devidamente. Minhas pesquisas estão interligadas, e o que permeou tudo isso foi a ressonância magnética nuclear, que é uma metodologia de ponta para determinar estruturas moleculares.

A sra. também trabalhou com temas ligados a bens culturais?
É, às vezes me meto em coisas inesperadas... Uma vez encontrei no corredor um aluno muito triste, pois ele tinha vindo do Ceará fazer doutorado, e o orientador com o qual pretendia trabalhar na UFMG havia falecido. Era na área de bens culturais. Eu disse a ele: nunca trabalhei nessa área, mas eu sou química e você também, vamos aprender juntos. Foi muito bom, porque minhas experiências de química orgânica foram muito úteis à pesquisa dele. Deu certo, ele terminou o trabalho e ficou feliz. Não tenho muito medo, porque é claro que a gente se especializa, fica mais forte em determinadas áreas, mas com uma boa base é possível encarar qualquer coisa. Tinha outra também que queria fazer estudo de pinturas, isolar substâncias para saber como o povo antigo preparava tintas. Me associei com a professora Marília Ottoni da Silva Pereira, e a moça fez o doutorado dela. Eu não fujo muito de novidades. Isso às vezes não é muito bem visto, há quem ache que isso nos dispersa... querem que fiquemos muito centrados em um único foco. Mas eu me disperso e tenho me saído bem. Aliás, a Química é uma ciência central, está vinculada a todas as áreas – à saúde, aos alimentos, aos defensivos agrícolas, aos remédios, à bioquímica... é ponto de partida. A indústria química é uma indústria de base, de modo que se você domina bem os conceitos básicos, sabe formular as boas perguntas e buscar as boas respostas.

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Dorila: a Química é uma ciência central

A ideia que as pessoas fazem da Química é equivocada?
Há muito equívoco, as pessoas dizem: isso é poluente, tem muita química... e esquecem que a água é uma substância química, o ar é uma mistura de vários gases, todos substâncias químicas gasosas. O cozimento nada mais é que uma reação química; a química está presente desde os primórdios, a descoberta do fogo foi uma revolução para a humanidade, e o fogo é produto de uma reação química. Quando duas pessoas se olham e sentem uma coisa boa, diz-se que têm uma boa química. Muitas coisas são dúbias, há o lado bom e o perverso, como tudo na vida. Mas é a Química quem vai arrumar a solução para o problema da poluição, por exemplo. Ela poluiu, ela é quem vai encontrar respostas para despoluir. De modo que não há como fugir da Química.

Como tem sido sua trajetória na UFMG?
Estou na UFMG desde 1961, como aluna do Colégio de Aplicação, e já a partir de 63 como aluna de graduação. Aquele período me enriqueceu muito, fui aluna da Faculdade de Filosofia, que era um mundo cultural maravilhoso, cada andar tinha um curso. Havia conferências em todas as áreas, passeávamos naqueles andares, e era muito bom. Depois militei no movimento estudantil, no qual a UFMG era muito presente, ganhei muita experiência, pois isso dá vivência, visão geral, e a Química é uma ciência que está vinculada à sociedade, de modo que você tem que ter realmente uma consciência do papel social da Ciência, da Universidade. Aquele ambiente ajudou muito na minha formação, aquela efervescência da vida cultural da antiga FaFi – na rua Carangola, depois é que virou Fafich – foi muito importante para minha formação.

Depois fiz doutorado aqui e outro na França. Já fui como professora, porque meu marido teve problemas políticos, foi embora para a França, aproveitei e fiz outro doutorado. Só voltamos quando houve a anistia. A Universidade me manteve lá fora. Aqui o doutorado foi em Produtos Naturais, em Fitoquímica; e lá em Ressonância Magnética, na Físicoquímica orgânica. Juntei as duas coisas e foi muito importante. Minha vida é muito ligada à UFMG. Gosto muito de dar aula, de fazer pesquisa, gosto muito da Universidade, acho que ela me propiciou uma interação com a sociedade, com a vida. Mesmo trabalhando mais na área da pesquisa básica, interagi muito com a sociedade, inclusive pela contribuição que demos na formação de alunos que estão brilhando em outras instituições. A UFMG dissemina as pessoas que ela forma pelo Brasil afora, e me sinto muito feliz de ter contribuído para isso.

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