Universidade Federal de Minas Gerais

Newton Falcão (Inpa)
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Terra preta de índio: em foco

Pesquisa de ponta usa nanotecnologia para identificar causa da não degradação do solo ‘terra preta de índio’

quarta-feira, 3 de agosto de 2011, às 8h23

A nanotecnologia vai ajudar a identificar como o carbono atua para manter a fertilidade de um tipo bastante especial de solo: a terra preta de índio. De ocorrência no Amazonas, ele possui cor preta, grande resistência à degradação e uma alta produtividade incomum, atribuída à sua exploração agrícola pelos primeiros povos da região. Ainda pouco analisado, o fenômeno da terra preta de índio está recebendo novas luzes com parceria de pesquisa entre a UFMG, Inmetro do Rio de Janeiro e o grupo de pesquisa Terra Preta Nova do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, o Inpa.

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Os primeiros resultados dos estudos foram divulgados ontem, 2 de agosto, a um público especializado na sede do Inpa, em Manaus. As exposições couberam ao professor do ICEx e diretor da CTIT da UFMG, Ado Jorio, integrante do projeto. Um dos jovens pesquisadores brasileiros com produção científica de impacto, Jorio usou a nanotecnologia para fazer investigações especiais do solo. A investigação do grupo deverá ganhar publicação em revista científica, segundo reportagem publicada na segunda-feira, 1, pelo jornal A Crítica, de Manaus.

A questão não é novidade para Ado Jorio. Em artigo veiculado na revista inglesa Nature Materials de julho de 2010, sobre dilemas e perspectivas da ciência brasileira, professores da UFMG, entre eles o próprio Jorio, abriram o texto abordando a terra preta de índio. Após explicarem o fenômeno e suas repercussões, observaram que a atenção ao tema era exemplar relativamente à necessidade de a ciência brasileira estabelecer novas direções para obter relevância na pesquisa internacional (veja no final do texto fragmento do artigo).

Parceiros
“O solo da terra preta de índio não degrada, apesar da intensidade de chuva, por causa da estabilidade da matéria orgânica. Descobrimos muitas coisas interessantes nas pesquisas com nanotecnologia”, disse o pesquisador Newton Falcão, do Inpa, ao jornal A Crítica. Os dados ainda não foram divulgados pelos pesquisadores.

Segundo informou o jornal, o grupo coordenado por Newton Falcão desenvolve há alguns anos trabalho de campo em comunidades rurais do Amazonas, especialmente nos estudos do biocarvão. Um deles ocorre em comunidade da Costa do Laranjal, no município de Manacapuru, no plantio de cupuaçu.

“O nosso projeto focaliza o uso, o manejo e a conservação e recriação das terras pretas no Amazonas. Trabalhamos em comunidades agrícolas, com plantios de laranja, mamão e sistemas de hortaliças. Mostramos como fazer o manejo da fertilização, por meio de um plantio consorciado com diferentes espécies”, explicou o pesquisador ao jornal amazonense.

Conforme Falcão, o objetivo do projeto é estudar o manejo da fertilidade do solo para evitar a degradação e promover a agricultura familiar sustentável.

“Montamos alguns solos adjacentes utilizando o biocarvão combinado com compostos orgânicos e compostos químicos industrial convencionais”, disse. O biocarvao é a queima do solo a baixa temperatura, sistema praticado pelas populações nativas pré-colombianas que resultaram justamente na hoje conhecida terra preta de índio. (Com jornal A Crítica)

Nature Materials
Conheça mais sobre o fenômeno terra preta de índio em fragmento do artigo A ciência brasileira diante de uma fase de transição. Publicado em julho de 2010, teve a autoria dos professores do Departamento de Física da UFMG Ado Jorio, Francisco César de Sá Barreto, José Francisco de Sampaio e Hélio Chacham. À época, o texto recebeu comentários em editorial da revista. Conheça:

A floresta amazônica cobre cerca de 40% do território brasileiro, uma área cerca de 6,5 vezes maior que a França. Lá, um ecossistema muito rico existe em equilíbrio com um solo geralmente pobre, o que torna o desmatamento um problema muito sério. Entretanto, um fenômeno freqüente e interessante pode ser encontrado na região, conhecido como Terra Preta de Índio. Esse solo se distingue dos outros por sua cor preta e por sua alta produtividade incomum. Ele produz safra e frutos muito mais vigorosos e nutritivos do que qualquer outro solo na região em um longo período de tempo, e sua formação é geralmente atribuída à atividade agrícola antiga das primeiras civilizações amazônicas. Entre os aspectos incomuns do solo negro está uma alta quantidade de carbono, 70 vezes maior do que em outros solos. Entender a estrutura desse material de carbono, como foram formados e o seu papel em manter o solo produtivo por um longo período de tempo são questões que precisam ser respondidas para que esse solo possa eventualmente ser reproduzido em laboratório.

Seria natural para os pesquisadores brasileiros ter um reconhecido papel nesse assunto. Institutos brasileiros como o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária são bem financiados e estruturados para lidar com os aspectos científicos e tecnológicos relacionados, respectivamente, à região amazônica e à
agricultura, com vários programas de pesquisa e organização de encontros nacionais e internacionais sobre a Terra Preta de Índio. Também é importante mencionar o impacto considerável das publicações escritas por pesquisadores brasileiros em assuntos como, por exemplo, os materiais de carbono. Uma simples pesquisa usando a database ISI Web of Science com as palavras ‘carbono’ e ‘Brasil’ encontra cerca de 9.000 publicações com mais de 100.000 citações. Entretanto, apesar desse investimento e esforço, nenhum artigo brasileiro nesse campo apareceu em uma revista de alto impacto como a Nature ou Science. O caso da Terra Preta de Índio é um exemplo típico da ciência no Brasil, caracterizada por um trabalho sólido e importante que apenas precisa de uma mudança de atitude para atingir um alto nível de excelência nos resultados.

Acesse a versão do artigo em português, de autoria do Inmetro.

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