As inscrições com desconto para o I Simpósio Internacional Literatura, Cultura e Sociedade se encerram no próximo dia 30. O evento acontecerá na Universidade Federal de Viçosa (UFV) entre 8 e 10 de novembro. Com participação da professora Lyslei Nascimento, da Faculdade de Letras da UFMG, o simpósio pretende problematizar as fronteiras, diálogos e tensões entre os textos literários e culturais. Nesse processo, segundo os organizadores, concebe-se a literatura como discurso que se articula com outros saberes, o que gera possibilidades fecundas de abordagem do literário a partir da interlocução com outras formas de conhecimento (artes, antropologia, psicanálise, ensino, teatro, religião, história, política, economia, sociologia, direito). O simpósio vai contar com conferências de pesqusiadores da Universidade de Coimbra, em Portugal, e instituições brasileiras como a Unicamp, UFRJ, Uerj, PUC Minas, Ufop e UFF. Os temas para apresentação de trabalhos (resumos devem ser enviados até 18 de setembro)são literatura e outros campos de conhecimento; estudos de literatura comparada e de crítica da cultura; literatura e estudos de gênero; leitura e ensino de literatura; literatura, memória e História; o imaginário mítico; o pós-colonialismo na literatura; margens e fronteiras do literário. Imagens violentas Segundo Lyslei, que coordena o Núcleo de Estudos Judaicos da UFMG, ao desdobrar os crimes contra os judeus no gueto com os crimes contra as crianças, “Zimler parece potencializar o mal que ali se propaga de forma nefasta e arbitrária. O narrador, embora imerso nesse mundo miniaturizado pela violência, com ela não compactua. Há, no entanto, um limite tênue entre a representação da violência, a descrição, sobretudo do mal que se abate sobre os corpos, e a sua ostentação.” Ela explica que a manipulação de imagens e palavras define o olhar do narrador, do fotógrafo e do leitor/espectador. Esse limite deve estar circunscrito a uma contingência: a violência transforma em coisa toda pessoa sujeita a ela, por isso, em Borges, nos exemplos de Calvino e em Zimler, a dura realidade tornada em pedra é circunscrita por um olhar empático e que provoca empatia. “A descrição da violência, a descrição de uma cena em que a violência deixe sua marca indelével não é na sua exibição total, no terror ou na perturbação que provoca, mas quando faz o leitor pensar, se identificar”, completa Lyslei Nascimento. Informações e inscrições no site do evento e pelo telefone (31) 3899-1583.
Lyslei Nascimento prepara conferência sobre o uso de imagens violentas na literatura, de Borges a Calvino, com concentração no romance Anagramas de Varsóvia, de Richard Zimler. Na obra, uma série de assassinatos brutais de crianças, durante a segregação dos judeus em guetos na Segunda Guerra, coloca o leitor diante de um mundo sem afeto e nem compaixão, de que fala Borges no conto “Deutches Requien”, bem como na realidade transformada em pedra, como a dos sepulcros no texto de Boccaccio, citados por Calvino em Seis propostas para o próximo milênio.