A UFMG foi a grande vencedora na categoria Mérito Institucional na 25ª edição do Prêmio Jovem Cientista, e a pesquisadora da Universidade Uende Aparecida Figueiredo Gomes conquistou o primeiro lugar na categoria Graduado, com a pesquisa Intervenções de saneamento básico em áreas de vilas e favelas: Um estudo comparativo de duas experiências na Região Metropolitana de Belo Horizonte, orientada pelo professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental Leo Heller.
A UFMG inscreveu o maior número de trabalhos de valor científico entre as concorrentes e recebe a premiação de R$ 35 mil; Uende Gomes, por sua vez, recebe R$ 30 mil. O anúncio dos premiados foi feito nesta terça-feira, 8, na sede do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em Brasília. Os vencedores receberão o prêmio das mãos da presidente Dilma Rousseff, em cerimônia no dia 6 de dezembro, no Palácio do Planalto, em Brasília.
Em entrevista coletiva na sede do CNPq, o reitor Clélio Campolina salientou que o êxito da UFMG é fruto de processo coletivo. "Temos hoje o resultado do esforço da comunidade universitária com a preocupação central em desenvolver pesquisas com rigor teórico e voltadas para o interesse social. O prêmio mostra que a ciência tem que estar a serviço da comunidade", observou.
Após apresentar indicadores de produção da Universidade, o reitor agradeceu a iniciativa do CNPq e da iniciativa privada e destacou a importância da parceria do poder público com as empresas, "o que mostra o momento novo da pesquisa científica no Brasil".
Ao destacar o volume de trabalhos apresentados pela UFMG, o presidente do CNPq, Glaucius Oliva, ressaltou que o Prêmio Jovem Cientista confirma que é possível fazer ciência de qualidade, com reconhecimento nacional e internacional, inspirada em problemas importantes do Brasil.
Destaques
A excelência na área de patentes unida à ampliação dos programas de extensão são algumas das principais características da UFMG. A universidade tem em curso cerca de 3.500 projetos em praticamente todas as áreas do conhecimento, dos quais participam 2.600 pesquisadores. Em 2010, o Ministério da Educação classificou 25 dos programas de mestrado e doutorado da UFMG como de padrão internacional, além de ter concedido a nota máxima aos cursos de graduação e pós-graduação. Em outubro de 2011, a instituição ficou entre as dez melhores universidades da América Latina e foi eleita a terceira melhor do Brasil, de acordo com a Quacquarelli Symonds World University Rankings, empresa especializada em estudos sobre ensino superior. Na área de patentes, a UFMG mantém posição de destaque: terminou o último ano com 500 pedidos de registro, dos quais 362 nacionais e 138 internacionais, com atenção especial para a indústria farmacêutica. Na área da extensão, em 2010, 136 programas e 703 ideias beneficiaram cerca de três milhões de pessoas.
Além dos múltiplos índices de qualidade, a UFMG promove o ensino inclusivo, que se dá por meio da política de bônus. Um percentual extra de pontos na seleção é concedido aos alunos negros e aos oriundos de escolas públicas, mantendo o compromisso com a função social. Paralelamente a essas diretrizes, a Universidade se preocupa com o aumento de vagas nos cursos noturnos, destinadas principalmente aos estudantes de menor poder aquisitivo que precisam trabalhar durante o dia. Hoje, a instituição tem cerca de 52 mil alunos e cria por ano mais de 2.100 vagas.
Pesquisa premiada
Com o objetivo de desenvolver projetos que promovam a ampliação do acesso aos sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário, a pesquisadora Uende Gomes propôs uma avaliação comparativa de intervenções de saneamento básico em três áreas de vilas e favelas da Região Metropolitana de Belo Horizonte. A pesquisa lhe rendeu o primeiro lugar da categoria Graduado do 25º Prêmio Jovem Cientista, que este ano tratou do tema Cidades sustentáveis.
Os locais escolhidos para a pesquisa foram as vilas Nossa Senhora de Fátima, em Belo Horizonte, Ipê Amarelo e Nova Esperança, em Contagem. As ações foram avaliadas quanto a participação social, intersetorialidade – articulação entre sujeitos de setores sociais diversos para enfrentar problemas complexos; adequação tarifária – altos custos podem levar usuários a buscar fontes de água inseguras e disposição inadequada dos esgotos; e regularização fundiária – as áreas excluídas do acesso aos serviços concentram-se nas periferias e são caracterizadas pela ocupação irregular.
O trabalho concluiu que a estrutura da sociedade brasileira, com seu elevado grau de desinformação e altos índices de desigualdade social, tem reflexo nas concepções de intervenções em saneamento básico. Ela acredita que a maior contribuição de sua pesquisa para a construção de uma cidade sustentável consiste na geração de conhecimentos originais sobre intervenções de saneamento básico em áreas de vulnerabilidade social, onde exclusão, informalidade e pobreza constituem fatores que dificultam ainda mais o acesso dessas populações aos serviços, tão essenciais para a vida humana.
“A pesquisa é capaz de contribuir nesse sentido porque foi sensível aos aspectos subjetivos que determinam as crenças, opiniões e valores de técnicos e populações beneficiadas, em contraposição aos trabalhos tradicionalmente desenvolvidos nessa área, que são marcadamente tecnicistas, ou seja, entendem que a concepção das intervenções requer visão meramente relacionada à infraestrutura física”, afirma a pesquisadora.
Premiação
Estudantes do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraíba, Minas Gerais, Tocantins e Distrito Federal estão entre os contemplados da 25ª edição do Prêmio Jovem Cientista, que comemora 30 anos de existência. As linhas de pesquisa desta edição abordaram questões ligadas à sustentabilidade nas metrópoles, como planejamento urbano e qualidade de vida, gestão de águas e resíduos, políticas de mobilidade, agricultura urbana e impactos de mudanças climáticas.
Esta edição bateu novo recorde de inscrições – 2.321 trabalhos, com crescimento de 7% em relação ao ano passado, quando já havia superado os números dos anos anteriores – e ofereceu R$ 600 mil em prêmios, incluindo bolsas de pesquisas concedidas pelo CNPq. Cada uma das duas instituições – uma de ensino médio (Rio Grande do Sul) e outra de ensino superior (UFMG) – vencedoras na categoria Mérito Institucional receberá R$ 35 mil. Na categoria Graduado, os vencedores serão agraciados com R$ 30 mil (primeiro lugar), R$ 20 mil (segundo lugar) e R$ 15 mil (terceiro lugar). Para Estudantes do Ensino Superior, os valores são de R$ 15 mil para o primeiro lugar, R$ 12 mil para o segundo lugar e R$ 10 mil para o terceiro lugar. Estudantes do Ensino Médio classificados em primeiro, segundo e terceiro lugares receberão um laptop de última geração cada um. Além disso, todos os premiados receberão bolsas de estudo do CNPq, caso atendam aos critérios normativos do órgão. Os pesquisadores classificados em primeiro lugar em cada uma das categorias também participarão da Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em 2012.
Reconhecimento da comunidade
Criado em 1981, o Prêmio Jovem Cientista tem o objetivo de incentivar a pesquisa no país e é considerado pela comunidade acadêmica um dos mais importantes reconhecimentos aos cientistas brasileiros. A entrega da premiação é feita pelo presidente da República e reúne na cerimônia autoridades governamentais na área da ciência e tecnologia, além de respeitados nomes da ciência brasileira. A XXV edição do prêmio, que trata do tema Cidades Sustentáveis, é fruto de parceria entre o CNPq, a Fundação Roberto Marinho, a Gerdau e a GE. Os temas escolhidos são sempre de interesse da população e buscam soluções para problemas nacionais.
Outras informações no site http://www.jovemcientista.cnpq.br/.
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