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“Eu sou pessimista em relação ao mundo, porém um pouco menos pessimista em relação ao Brasil”, afirmou Ricardo Bielschowsky, professor de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sobre o desenvolvimento econômico. Bielschowsky participou na manhã de hoje do 1° Seminário do Fórum de Estudos Contemporâneos, no campus Pampulha da UFMG. "Os desafios de ordem mundial gerados pela crise financeira, a relação dos Estados Unidos com a China, o progresso técnico acelerado e as mudanças climáticas criam a necessidade de se estabelecer novo padrão de desenvolvimento", afirmou Bielschowsky, que é economista da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Ele participou da mesa-redonda que abriu a programação do evento, com o tema Qual economia, qual desenvolvimento, qual sociedade? Segundo o professor João Antonio de Paula, pró-reitor de planejamento da UFMG e coordenador da mesa, é importante discutir que tipo de sociedade pode ser construída diante de uma crise sistêmica, “uma sociedade cujos modelos econômicos e paradigmas se mostram desgastados”. Ainda de acordo com Ricardo Bielschowsky, o padrão de desenvolvimento econômico no Brasil é discutido de forma muito fragmentada, apesar de existir uma grande diversidade de estudos na área de planejamento. “É possível extrair desse conjunto três motores de desenvolvimento e um eixo transversal a eles, com a função de turbinar esses motores”, comentou Bielschowsky, fazendo referência aos recursos naturais, à infraestrutura e ao crescimento com redistribuição de renda. A produção de bens de todos os tipos, ainda tímida no Brasil, é o eixo que pode potencializar esses motores para alavancar a economia brasileira. "Busca da felicidade” Para o professor Hugo Cerqueira, da Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da UFMG, a crise financeira deixa clara a necessidade de se discutir a hegemonia capitalista. “A economia neoclássica, que é o pensamento dominante, transformou-se num sistema hermético que nos impede de descortinar perspectivas além de horizontes estreitos”, disse. Daniel Fernando, aluno da graduação em Economia, gostou da discussão. “A economia é essencial para explicar os problemas contemporâneos e imaginar um futuro melhor”, disse Daniel.
Outro participante da mesa, o professor Ramon Fernandez, da Universidade Federal do ABC, disse que a sociedade ideal deve conter elementos essenciais, como justiça social com redução das desigualdades raciais, de gênero e de renda e respeito ao desenvolvimento sustentável. Mas a principal preocupação tem que ser com “a busca da felicidade”, afirmou Fernandez, acrescentando que condições de trabalho digno também auxiliam na integração entre a sociedade e a economia.