Em mesa-redonda das humanidades, especialistas discutem relação da academia com a sociedade

“A Universidade vai virando um clero, e o meio acadêmico acaba por se tornar refém da burocracia estatal, reproduzindo os erros da sociedade brasileira." A crítica foi feita na tarde desta quinta-feira, no Auditório 1 B do Centro de Atividades Didáticas 1, pelo professor da Faculdade de Letras da UFMG Sérgio Alcides Mendes, durante a última mesa-redonda do 1º Seminário do Fórum de Estudos Contemporâneos.

Alcides entende que a "universidade frequentemente está isolada, inclusive as áreas de humanas, da sociedade brasileira como um todo". Para ele, as transformações no mundo contemporâneo, em que as relações no mundo virtual dinamizam a vida social, são comparáveis às da revolução cultural ocorrida na Europa do século 15, como consequência da invenção da imprensa pelo alemão Johannes Gutenberg. “O grande desafio nesse momento é abordar esse fenônemo sem ser reacionário e nostálgico”, defendeu o professor ao comentar o conflito de gerações diante desta “virada histórica”, como ele mesmo chamou esse princípio de século 21.

Coordenada pelo professor Ricardo Takahashi, do Departamento de Matemática da UFMG, a mesa contou ainda com a participação dos professores Luciano Figueiredo, da Universidade Federal Fluminense (UFF), e Bernardo Jefferson de Oliveira, historiador e diretor do Espaço TIM UFMG.

Figueiredo fez uma análise da trajetória da Revista de História da Biblioteca Nacional, da qual é diretor e que acolhe artigos de historiadores da Fafich. "Ela começou em 2003, tivemos dificuldades, mas atualmente a Revista de História é um sucesso editorial", diz Figueiredo, lembrando que a publicação é produzida por historiadores e jornalistas.

O historiador Bernardo Jefferson de Oliveira, diretor do Espaço TIM UFMG do Conhecimento, defendeu a necessidade de um diálogo entre as ciências e as artes. Em alusão ao tema da mesa-redonda, Jefferson procurou distinguir as três formas de cultura – a artística, a humanística e a científica. Esta última, segundo ele, é hegemônica no mundo contemporâneo por conta de seus métodos de trabalho.